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sábado, 14 de setembro de 2019

Stories from a short street [Fotografia]

Copyright by Holly Andres

Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.

Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Estou só e sonho saudade.

E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!

(Natal, de Fernando Pessoa)

Conheci o trabalho de Holly Andres bem por acaso. Estava olhando o portfólio de outro fotógrafo, quando vi uma imagem sua metida no meio. A imagem - viria a saber depois - faz parte de um conjunto de oito cenas, intitulado Stories from a short street. Cores fortes e muita luz são os elementos físicos presentes em cada uma das fotografias. O conjunto remete a uma década perdida da vida rural norte-americana; algo que conhecemos de alguns filmes gringos, onde famílias bem nutridas e aparentemente felizes vivem em grandes casas de madeira, cercadas por amplos jardins. As imagens são baseadas em recordações da própria artista, a caçula de dez filhos, que viveu no interior de Montana. Holly Andres tentou reconstruir o mosaico psicológico em que viveu, através das características mais marcantes de seus irmãos (todos, aqui, estereotipados). Para visualizar as imagens da coleção, basta acessar a página da fotógrafa.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Arte, Design, Publicidade e Propaganda [ Livros ]



Esta postagem não saiu bem como premeditei. Acabou ficando extensa e, mesmo assim, muita obra de meu acervo ainda restou de fora. Não consegui ser resumido e, talvez, precise de uma segunda parte. Achei complicado tentar condensar muita informação numa única postagem, bem como mostrar tantos livros ao mesmo tempo, de forma coesa. Além disso, os assuntos abordados não são a "minha área" e corro o risco de falar muita merda a respeito dos temas. Mesmo assim, estou publicando esta "matéria", por assim dizer. Possivelmente, alguém se interessará por ela ou por algumas obras aqui exibidas. Se isso ocorrer, terá sido proveitoso. É isso. Vamos em frente.

No documentário A Paisagem Mental de Alan Moore, o ermitão inglês, ao se autodeclarar mago, afirma que xamãs da atualidade são jovens cheios de boas ideias que se dedicam a manipular signos em favor da publicidade, para vender algo. Como se trata de Alan Moore, ele não deixar de citar isso com viés negativo. Penso que essa discussão não seja relevante. Sou admirador do trabalho de grandes publicitários e designers gráficos que dedicam seu talento e neurônios à produção de campanhas inteligentes ou à elaboração de identidades visuais marcantes. É um meio sobre o qual não conheço nada. Apenas dedico algumas horas à fruição consciente dos trabalhos desses xamãs. Falo "consciente" porque, de maneira desinteressada, estamos sempre recebendo a informação que eles espalham em nosso cotidiano, em rádio, televisão, outdoors, embalagens de produtos, etc.. Não há como se distanciar, ainda mais atualmente por meio de redes sociais, publicidades em Youtube e até mesmo em aplicativos gratuitos.


Na Tv brasileira, acredito ter sido a novela Meu Bem, Meu Mal a primeira a dar atenção ao setor de design em geral, um boom na área, assim como Explode Coração fez com a internet. A novela, exibida entre 29 de outubro de 1990 e 18 de maio de 1991 pela Rede Globo, foi escrita por Cassiano Gabus Mendes (que deixou saudades) e ainda é bastante conhecida em razão dos personagens interpretados por Guilherme Karan (Porfírio) e Vera Zimmerman (a “divina” Magda). E quem não se recorda de Lima Duarte como Dom Lázaro Venturini? A abertura fazia referência ao trabalho de designers de produtos. Confira aqui.

Não há mundo moderno dissociado do trabalho de gênios "discretos" das artes gráficas, do design gráfico. Se você come uma certa marca de aveia e utiliza lenços de papel, provavelmente topa cotidianamente com trabalhos de Saul Bass. Alguns cartazes de Milton Glaser - se você ouve Bob Dylan ou viu, por acaso, aquela marca I (coração) NY - integram a cultura pop de forma inexorável. A herança tipográfica de Herb Lubalin - definido por Jaguar como "um dos sumo sacerdotes do graphic design, essa sofisticada religião do século XX" - encontra eco nos mais diversos anúncios, desde entre marcas transnacionais até no letreiro da butique de nosso bairro. Do gênio criativo de Paul Rand, por exemplo, vieram dois dos mais conhecidos logos corporativos do Planeta: as identidades da multinacional tecnológica IBM e do canal televisivo ABC. Acho que vale a pena compartilhar, aqui, algumas publicações afins. Daí, a origem desta postagem. Como apoio, a fim de evitar muitas fotografias, optei por vídeos (abaixo).

Marcas Fortes (Editora Escala, 2002) foram publicações especiais da revista Gráfica - o veículo mais prestigiado, em matéria de arte gráfica em geral, de nosso País. A edição que possuo compendia os primeiros dois volumes lançados, onde encontramos grande acervo de logomarcas que ajudaram dezenas de empresas (gigantes - como a AT&T - e pequenas, como aquele café ou ateliê presente na esquina de nossa rua) a ter uma identidade visual eficiente. De início, temos um breve histórico da comunicação visual, desde a pré-história à atualidade. Após a imensa coleção de logotipos (com indicações do designer responsável e do cliente), encontramos dois artigos sobre precursores do design - não apenas do gráfico - em nosso País: o pernambucano Aloísio Magalhães, que criou identidades para empresas como a Souza Cruz e o Grupo Unibanco (imagens vivas até hoje) e do paulista-baiano Ruben Martins, um dos fundadores do primeiro escritório de design brasileiro: o Forminform. O único "contra" da edição é ser totalmente em P&B.

Na rastro de Marcas Fortes, pararam em minhas estantes dois volumes de Logo Design da alemã Taschen. Os tijolinhos editados por Julius Wiedemann em formato agenda são demais. Trilíngues, só pecam pelo preço. As obras não se limitam a compendiar logomarcas à toa. Tudo é sistematizado, bem selecionado e organizado por categoria (eventos, música, serviços etc.). Além disso, quase um quarto de cada volume dedica-se a estudo de casos, de soluções gráficas encontradas por bons designers. É na identidade visual marcante que o "xamã" consegue chegar bem fundo em nossos miolos, em nossas emoções. Quando George Eastman criou a marca Kodak, por exemplo, o fez pensando na força da letra "K". Parece bobagem, mas ele conseguiu tornar esta marca impactante a começar pelo nome e seu logótipo baseado na letra que aparece duas vezes numa mesma palavra tão curta, justamente no início e no final. Na introdução ao terceiro volume, Paul Middleton define bem a relevância da marca: "Os logótipos converteram-se na pedra angular do consumismo, um dos elementos essenciais que suscitam a ânsia e o desejo, garantindo o Santo Graal da compra repetida". Com o logo eficaz, o mago lança um encanto eficiente, difícil de quebrar.


Os dois volumes de Si É Bayer, É Bom - Reclames da Bayer tem um lugar especial em minha estante. Os livros da Carrenho Editorial são bacanas. Com capa dura, sobrecapa, formato álbum, reúnem uma amostra de material publicitário impresso da Bayer, entre os anos de 1911 a 1942 (Volume I) e 1943 e 2006 (Volume II). Os dois tomos tiveram tratamento gráfico, design e formatos similares, salvo pelo papel, que, conquanto no primeiro não seja o cuchê de alta gramatura utilizando no seguinte (fosco, 170 g/m²), é de boa qualidade, pesado, auxiliando bastante na impressão. Entretanto, permitiu que, com o tempo, fosse tomado por manchas de oxidação, mesmo havendo grande cuidado na conservação. O título "Si é Bayer, é bom" evoca antigo bordão da companhia química e farmacêutica alemã, fundada no século XIX, que já vendeu de cocaína e heroína para crianças a produtos para peste animal em geral, além de associação com o nazismo, como era comum com qualquer grande empresa, à época do Reich. Afinal, assim se dá a planificação econômica tão almejada por nazistas, fascistas e comunistas: corporativismo. Aqui no Brasil, recentemente, vimos algo similar com os governos petistas, onde o aparelho burocrático servia aos amigos empreiteiros, grupos de comunicação e instituições financeiras.

O primeiro volume foi organizado por Zélio Alves Pinto, irmão do famoso autor e ilustrador Ziraldo, que tanto já vimos neste blog. O segundo tomo foi organizado pela "Narrativa Um - Projetos e Pesquisa de História", e acompanhou um DVD com diversas peças publicitárias.

Uma grande falha das edições é a ausência de informações acerca da equipe que produziu os reclames. Nem ao menos informações acerca da empresa publicitária foram disponibilizadas. Abaixo de cada imagem há, somente, indicação do veículo onde a publicidade foi estampada e o ano correspondente. Sobrou muito espaço em branco nas páginas. A imagens poderiam ser maior. Parte do espaço inutilizado serviria, ao menos, para a disponibilização desses dados. Enfim, o trabalho de "pesquisa" foi precário. Não há como dizer o contrário. A pesquisa se deu, apenas, em bancos de imagens da própria Bayer e de veículos que, costumeiramente, veiculavam suas propagandas. Mas isso não retirar o prazer em folhear esses volumes. Particularmente, gosto bastante das propagandas da Aspirina e de sua predecessora, a Cafiaspirina. Talvez por gostar do produto! A propósito: me surpreende como nunca utilizaram o poema Ode à Aspirina, do João Cabral de Mello Neto (grande fã do ácido acetilsalicílico no combate às suas constantes enxaquecas) em uma campanha publicitária.

Nota-se o uso preponderante de ilustrações, nos primeiros anos (Volume I). E sem cores, em razão da deficiência nos meios de reprodução em periódicos, à época. Além de meras ilustrações, algumas propagandas faziam uso dos quadrinhos (sem balão, com legendas abaixo de cada quadro). Com o tempo, as cores foram aparecendo timidamente, em poucos tons. Mas o que impressiona mesmo é a força do desenho. Nas últimas páginas, aliás, ao invés de apresentar, mediante fotografias (em um anuário destinado aos farmacêuticos), um breve tour pela matriz nacional da Bayer, utilizaram desenhos, talvez em razão de dificuldades de impressão de fotos, em boa resolução, em mencionada revista.

O primeiro volume tem alguns méritos. Além da edição ser da própria área de comunicação da Bayer, com a direção do gabaritado artista gráfico Zélio Alves Pinto, a encadernação ficou por conta do Círculo do Livro, sempre caprichando. Além disso, as imagens no primeiro volume tiveram reprodução em maior resolução.

Há algum tempo também trouxe ao acervo o belíssimo livro Saul Bass A Life in Film & Design por Jennifer Bass e Pat Kirkham. O tijolão em capa dura com sobrecapa reúne 1484 ilustrações em 440 páginas, no imenso tamanho de 290 x 258 mm. Os textos são maravilhosos. Penso, contudo, que a parte do trabalho cinematográfico poderia vir acompanhada por dispositivo digital onde depositassem arquivos em vídeo. Contudo, claro, com o Youtube, podemos pesquisar tudo isso, mas não é a mesma coisa.

Acredito que a Graphis foi, durante décadas, o mais importante periódico de comunicação visual. Com o tempo, deixou de ser apenas uma magazine e tornou-se uma instituição, cuja missão é servir de repositório da melhor da arte gráfica publicitária internacional. Criada pelo designer suíço Walter Herdeg durante a Segunda Guerra Mundial, edita, regularmente, os especiais dedicados a pôsteres e seus anuários diversos, organizados por tema (design, cartaz, fotografia, marcas etc.). Você não precisa ser designer ou publicitário para ter essas publicações em casa. Basta gostar de arte para se deliciar com as boas sacadas publicitárias de gente criativa, que dedica seu gênio a estimular o consumo desenfreado que destrói este Planeta moribundo. Confira mais no sítio da instituição.

Fico por aqui. Para mais, confiram os vídeos.




domingo, 7 de julho de 2019

Livros de Marcelo Cipis


Nunca pensei em manter um espaço na internet para comentar apenas quadrinhos. Sou fã de vários blogs voltados apenas para quadrinhos. Mas eu queria, mesmo, apenas ter um lugar para escrever bobagens razoavelmente interessantes. É algo terapêutico. Há coisa de todo tipo por aqui, desde quadrinhos e cinema à literatura e pornografia. Dentre livros, gosto de compartilhar os de arte que possuo. E esta postagem é para indicar o trabalho do designer e ilustrador Marcelo Cipis.

530 Gramas de Ilustrações reúne dezenas de trabalhos realizados por encomenda pela Folha de S. Paulo, para ilustrar a coluna de Joyce Pascowitch. Aliás, é desta jornalista a apresentação do livrinho, onde todos os desenhos foram organizados por tema ou características em comum. Edição do Ateliê Editorial, formato 18,0 x 16,0 cm, capa dura com miolo em papel cuchê, 250 páginas.

Armações do Cipis compendia em torno de cinquenta ilustrações coloridas realizadas para a VIEW, revista voltada para o mercado óptico nacional. Todos os trabalhos são brincadeiras com armações de óculos. Acho interessante um periódico de aspecto notadamente publicitário abrir esse espaço mais "artisticamente puro", em suas páginas. O livro, no formato 22,0 x 16,00 cm, com capa dura e 120 páginas em cuchê, foi editado pela Jobson Brasil.





quinta-feira, 4 de julho de 2019

Ziraldo e Steinberg


Pensei esses dias que, se não houvesse Steinberg, não haveria cartum; ou, ao menos, não haveria cartum como o conhecemos. É que praticamente todos os grandes cartunistas buscaram inspiração no artista romeno para seus trabalhos. Podemos nos orgulhar do gênio de Borjalo como precursor do que deveria ser um cartum puro. Entretanto, foi lá nos trabalhos publicados na New Yorker que caras como Millôr, Ziraldo, Jaguar, Fortuna, Claudius (e tantos outros) buscaram elementos para seu pontapé no mundo das ilustrações, especialmente do desenho de humor. Estava folheando um dos livros de Ziraldo quando vi a ilustração abaixo, de início de sua carreira. Acerca dela, ele próprio nos diz que, naqueles anos em que era desenhista na Standard Propaganda, tentava imitar Steinberg. Fui atrás de um desenho similar a este de Ziraldo e encontrei-o no livro All In Line. O do Ziraldo está na introdução ao portfólio 40/55 - Itinerário de Um Artista Gráfico Brasileiro. Achei interessante compartilhar imagens desses dois trabalhos, para quem curte ilustração.




domingo, 19 de maio de 2019

História em Quadrões Turma da Mônica [ Republicação de postagem ]


Há algum tempo, falei da exposição Zeróis: Ziraldo na Tela Grande. Similar a esse projeto de combinação de obras de arte mundialmente reconhecidas com elementos e personagens de histórias em quadrinhos é a História em Quadrões de Maurício de Sousa. Essas telas já ganharam exposição em vários lugares. Recordo quando de sua permanência no Senado brasileiro. Como moro num rincão culturalmente abandonado, conheci esse belíssimo trabalho apenas pela televisão. Há algumas semanas, no entanto, passei pela seção infantil de uma livraria e me deparei com a obra, em dois volumes, História em Quadrões com a Turma da Mônica. Conferi o trabalho gráfico, acabamento etc. e comprei no ato. Resolvi divulgar um pouco desses livros com as fotografias abaixo. Nos livros, encontramos imagens das obras originais e das paródias, tanto das pinturas quanto das esculturas. Praticamente todas as telas foram elaboradas em tinta acrílica. Já as esculturas são feitas em isopor com aplicação de resina e laca, emulando metal. Cada livro é encadernado em capa dura, nas dimensões 21 x 28 cm e pouco mais de 60 páginas em papel cuchê. Em uma das imagens a seguir, coloquei um almanaque do Cascão para fins comparativos das dimensões. Enfim, um trabalho caprichado. Achei a reprodução de algumas obras até audaciosa por parte de um estúdio cada vez mais conservador. Abaixo, por exemplo, você pode conferir imagens com a bunda redondinha da Mônica ou os peitos empinados da Tina. Se você é fã da Turma e acha que o preço está bom, compre. Vale a pena. Pena que nenhuma das edições veio acompanhada por um pôster. Quem não adoraria uma imagem dessas, em tamanho original, na parede? E bem que podiam lançar uma linha de estatuetas colecionáveis reproduzindo as paródias das esculturas.





domingo, 5 de maio de 2019

Sketchbooks: Marcelo Braga, Lourenço Mutarelli e Outros


Antes de tudo, ressalto não gostar de anglicismo medíocre. Às vezes, o vocábulo estrangeiro ingressa em nosso meio diante da impossibilidade em encontrarmos termo similar. Penso que, no Brasil, a denominação sketchbook é frescura consolidada pelo uso. Isso me lembra quando vou a uma loja e o atendente me mostra camisetas black ou pink; aí respondo: gostei mais da preta. Algumas pessoas no meio desta republiqueta não ganham uma chupadinha; recebem um blowjob. O cara não vende cachorro-quente como o Fabiano: vende hot dog. Porra! Usem o português. Não dói chamar o caderno de desenhos ou de esboços apenas de... caderno. Nos casos abaixo, penso que a intenção foi alcançar um pouco do mercado externo. O livro do Marcelo Braga, por exemplo, é bilíngue. Feita esta introdução inútil, vamos à postagem.

Acho que comecei a gostar de esboços quando, com a internet, popularizaram-se páginas com estudos de artistas gráficos. Não demorou até os encadernados de HQs começarem a trazer, como extras, rabiscos de ilustradores. É interessante ver um trabalho ganhando corpo, observar o processo criativo etc.. Muitas vezes, um trabalho aparentemente inacabado, revelando em esboço, me atrai mais do que se estivesse "finalizado". Isso me faz crer aquela velha história de que um artista não conclui uma obras; apenas a abandona. Onde quer que pare, ela já está pronta. Não sei bem o que houve neste meio artístico; só noto que obras voltadas aos sketchbooks são cada vez mais editadas. O primeiro sketchbook postado aqui foi do Ziraldo: Os Homens Tristes e Outros Desenhos Sem Destino. Agora, compartilho mais três.

Diburros Sketchbook de Marcelo Braga tem 52 páginas, sendo oito delas dedicadas à insólita relação entre os irmãos Vigo & Vermut e o crânio de seu pai (personagens legais!). Penso que vai além de uma mera reunião de esboços, já que há belas ilustrações onde não faltam, realmente, mais nada para serem consideradas "prontas" (se é que isso existe em arte). O trabalho editorial independente, simples, é competente: capa colorida em papel offset cartonado, miolo em chamois fine dunas 120g/m2 (bem grossinho, né?), e formato 16,5cm X 24,0cm. É vendido na página do autor por R$ 15,00 (frete grátis). Gostei bastante desse livrinho. Me diverti admirando seu traço, suas figurinhas esquisitas. A história de Vigo & Vermut poderia ter um ambiente mais extenso para se desenvolver. E a ilustração central de Os Caça-Fantasmas, com Bill Murray e Dan Aykroyd em ação (e Geleia no meio) teve aquele cheiro de infância bem vivida. Sendo a compra direta com o autor, ele nos envia com dedicatória e ilustração exclusiva. E, por coincidência, desenhou o Batman, meu herói preferido! Na última página do livro, o autor cita os materiais utilizados: várias canetas e tipos de cadernos.

Sketchbooks (As páginas desconhecidas do processo criativo)é um livro excelente em todos os sentidos. Além do conteúdo riquíssimo, mostrando um pouco da relação de vinte e seis artistas visuais com seus cadernos, o capricho editorial da já famosa editora Ipsis nos deixa com água na boca. Os artistas são: Alarcão, Alex Hornest, Amanda Grazini, Angeli, Arthur D'araujo, Bruno Kurru, Carla Caffé, Cláudio Gil, Eduardo Berliner, Eduardo Recife, Elisa Sassi, Fernanda Guedes, Guto Lacaz, Hiro Kawahara, Kako, Kiko Farkas, Leo Gibran, Lollo, Lourenço Mutarelli, Montalvo Machado, Mulheres Barbadas, Orlando Pedroso, Rafael Grampá, Roger Cruz, Titi Freak, Yomar Augusto. Muitos desses já eram conhecidos por mim. Alguns, mais do que conhecidos, amados, como Angeli, Mutarelli, Roger Cruz, Grampá e até mesmo Fernanda Guedes (por mais que ache o trabalho desta última sexista, meio norteado pela misandria, adoro seu traço).

O capricho do selo independente Pop (desdobramento da livraria Pop) nos deu uma publicação com capa dura e papel grosso (150 g/m² de gramatura), além de excelente impressão. E o livro veio numa caixa de papelão estilizada, algo que lembra a edição limitada [Herb] Lubalin da Unit Editions. Cada artista é apresentado brevemente. Em seguida, ele dá seu "depoimento" acerca do uso do caderno de esboços e como isso influencia em sua produção, no seu dia-a-dia, em sua arte em geral. E, claro, o restante de cada "capítulo"é de reproduções de esboços.

Algo chamou a atenção durante a leitura dessa reunião de portfólios e depoimentos. Parece que alguns caras não encaram seu caderninho como um instrumento para se chegar a um fim específico, nem que seja para aprimorar a arte. É como se um conjunto de ilustrações, colagens e textos num sketchbook fosse um fim em si mesmo, um objeto de mera vaidade intelectual, para exibir. Acredito que a arte não possui um afã especial além de satisfazer o espírito. Mas essa estranha guinada na adoração dos cadernos de desenhos soa, no mínimo, estéril e esquisita. Apenas meu ponto de vista, claro; respeitadas as opiniões diversas.

Ao vasculharem o acervo de Lourenço Mutarelli, selecionando material para o livro acima, os designers Cézar de Almeida e Roger Basseto encontram muita, mas muita coisa boa. Os cadernos de Mutarelli formavam um mosaico de boa arte e ótimas ideias. Eram um conjunto. Daí, o selo Pop emplacou outra bela edição: Sketchbooks de Lourenço Mutarelli. O box vem com a reprodução integral de cinco cadernos de esboços (impressos em edição facsimile!) e um com apresentação feita por Arnaldo Antunes, textos dos editores e do próprio Mutarelli. Para quem já conhece este site, sabe o quanto sou fã do trabalho desse cara. Para mim, o maior quadrinista em atividade do Planeta. Já falei acerca de algumas de suas obras nestes linksIIIIII e IV. Ainda estou saboreando a caixinha do Lourenço, cada um de seus cadernos; ilustrações aparentemente soltas, mas que encontram ressonância nas demais, às vezes. Encontrei, ainda, muitos esboços de ilustrações que viriam a compor Quando Meu Pai Se Encontrou Com o Et Fazia Um Dia Quente. Um detalhe do esmero desta edição são as páginas costuradas. O capricho da Editora Gráficos Burti seria irreprochável se o papelão da caixa fosse mais rígido.

Post scriptum: os links mencionados não estão mais ativos em razão desta postagem ser uma republicação da versão anterior do Blogue do Neófito.








sábado, 4 de maio de 2019

Coleção Desenhos de Humor de 1968: Siné e Jaguar



Não sei quantos números teve a Coleção Desenhos de Humor da editora Civilização Brasileira. Só conheço dois - os que possuo em minha coleção: Átila, Você É Bárbaro, de Jaguar; e Siné & Cia, de Siné. São brochuras com formatos diferenciados, com miolo de excelente qualidade (não é à toa que resistiram tão bem ao tempo, já que fora editados em 1968).

Átila, Você É Bárbaro reúne dezenas de cartuns de Jaguar, meu grande, velho e pinguço cartunista. Adoro o traço quase diletante desse senhor e seu quase ilimitado leque de temas, desde os mais pueris aos mais sacanas, sem quaisquer pudores. O prefácio é de Paulo Mendes Campos, onde ele, de maneira breve, expõe interessante pensamento acerca do ser humano observado pela ótica do humor. O meu exemplar é o número 1036 e foi comprado em sebo. Ao abri-lo, uma grata surpresa: possui dedicatória do próprio autor. Esse tipo de coisa me faz pensar: o que se passa pela cabeça das pessoas que dão fim aos livros do parentes dessa forma? Acredito que este livro pertencia a uma "dama" admirada pelo Jaguar (veja a dedicatória abaixo). Talvez tenha falecido e algum parente - filho, talvez - vendeu tudo no metro a algum livreiro. Ou talvez eu esteja imaginando tudo errado e essa obra foi roubada. Deixemos os devaneios de lado.

Siné & Cia reúne uma série de desenhos feitos pelo famoso cartunista francês Maurice Sinet em sua estada no Brasil. Cada desenho é protagonizado pelo Tio Sam e, sob a imagem, uma palavra afim que tenha "cia" em sua composição. Essa C.I.A., claro, é uma referência à agência de inteligência americana. O volume já começa com uma dedicatória explícita: "Ao Tio Sam, com toda a minha antipatia". O trabalho é muito bacana. O conjunto dos desenhos forma uma painel divertido. O cara foi feliz nessa empreitada. Pelo lado ideológico, entretanto, uma tremenda babaquice. Um francês elaborando cartuns onde o Tio Sam demonstra todo o seu desrespeito por negros, latinos e pobres? Logo um francês? E com direito a Fidel Castro e o outro terrorista Guevara dando lições ao imperialismo gringo! Hoje, isso seria coisa de desmiolado, que vive no mundo do pirulito, convivendo com duendes. Mas O.K., os tempos eram outros. Hoje, descobrimos que não existem bandidos e mocinhos em matéria de disputa pelo poder. Tudo é mera... disputa pelo poder. Aqueles "guerrilheiros" com pinta de intelectuais que instituíram até lei marcial em seus grupos não buscavam democracia contra regimes de exceção, por exemplo; eles queriam apenas o poder para eles, para instaurar a ditadura deles. Mas sei que essa conversa não vem ao caso, aqui.

Em resumo: são livros excelentes. Realmente, uma coleção de desenhos de humor que merecia mais volumes. Quando leio estes livros, penso na tristeza que é a morte do cartum, em nossos dias. Dá para encontrar estas obras em sebos facilmente, a preços variáveis.


domingo, 14 de outubro de 2018

1000 Tattoos Taschen


A agulha abre um buraco 
A velha picada familiar

Curto metal. Ainda hoje emprego algumas horas de minhas semanas a ouvir "clássicos" do rock. Tive minha fase headbanger até os 16 anos, quando ingressei na faculdade e precisei cortas as longas madeixas e abandonei as roupas rasgadas. Confesso que as roupas rasgadas nem eram tanto por estilo. Eram porque eu não ligava mesmo para quase nada. Tive uma calça jeans onde ficava costurando os rasgos feitos pelo uso, por exemplo. Eu mesmo costurava de qualquer maneira. Me sentia muito à vontade sendo assim como, penso, nunca mais me senti na vida.

Não cheguei a furar as orelhas porque dizíamos ser coisa de "fresco". Bobagem nossa, obviamente. E, quanto à tatuagem, jamais eu poderia fazer, em casa, antes de completar dezoito anos. Então o tempo foi passando e eu, que sempre quis fazer ao menos uma tatuagem, não a fiz. Até que um dia, já velho, vi uma garota com 16 anos de idade sendo tatuada por um profissional conhecido meu, com autorização dos pais, estando a mãe ao seu lado. E pensei: "Cara, afinal, o que estou esperando?". Aí comecei a fazer as minhas e, atualmente, tenho 26 desenhos gravados em meu corpo, que me acompanharão até o dia de minha morte. E não me arrependo de nenhum. Cada uma possui um significado para mim, nada foi à toa ou pensando somente em preenchimento estético. Um dia, talvez, escreva algo sobre cada uma e poste aqui.

No momento em que estou na sessão de tatuagem, não sei explicar bem, mas é como se aquela picada despertasse uma parte primitiva em mim, algo selvagem, uma dor edificante. Penso que tatuagem é viciante por essa dor, por este momento, e não pelo resultado final, não porque você achou a primeira bacana e quer outra que lhe pareça igualmente legal. Penso que nos tatuamos para nos ferirmos, em parte. E a marca que ficará é a recordação daquele momento de dor, enquanto tantos acontecimentos presentes e passados percorrem nossa mente. É algo mais ou menos como Hurt - canção de Nine Inch Nails, que se tornou um grande sucesso na voz já decrépita (e ainda bela) de Johnny Cash.

Certamente acho muito bonitas as tatuagens modernas, com traços cada vez mais elaborados, técnicas caprichadas de pontilhismo e sombreamento, entre outras coisas. Mas minha paixão é mesmo algo mais vintage, e sempre optei por desenhos simples e com tinta apenas negra, nunca colorido. E, por esse gosto pessoal, adquiri há pouco tempo o volume 1000 Tattoos da Taschen. Como tudo o que vem da editora alemã fundada por Benedikt Tashen, o livro é um mimo: papel similar ao cuchê com elevada gramatura, capa dura texturizada emulando encadernação em tecido e sobre capa. São 544 páginas no formato de 14 x 19.5 cm, que já se tornou marca da empresa.

A obra conta com texto trilíngue de Henk Schiffmacher sobre história e técnica da arte de tatuar. As imagens foram selecionadas do The Amsterdam Tattoo Museum e organizadas da seguinte forma: étnicas, clássicas, anteriores à década de 80', japonesas e contemporâneas.

Para quem gosta de arte e tatuagem, é um ótimo volume para folhear nas horas vagas.


sábado, 8 de setembro de 2018

Saul Steinberg: As aventuras da linha [ Catálogo da exposição, Livro de arte ]


De maio a novembro de 2011, o Instituto Moreira Salles (IMS) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo realizaram a exposição Saul Steinberg: As aventuras da linha, no Rio de Janeiro e em São Paulo. A maior parte do acervo (quase totalmente) veio da The Saul Steinberg Foundation. Fruto dessa mostra, o IMS editou o catálogo das imagens abaixo, com todo o capricho que poderíamos esperar desse Instituto fundado por uma família que tem dinheiro a rodo: capa dura no formato 26,0 x 32,0 cm, 324 páginas em papel de excelente qualidade, tipo cuchê e de elevada gramatura. Além do portfólio exposto em nosso País, os textos presentes na publicação são excelentes para quem quer conhecer mais sobre o artista e sua obra. O artigo As aventuras da linha, escrito pela historiadora Roberta Saraiva (curadora da exposição), não apenas nos introduz no trabalho de Steinberg, mas, igualmente, nos guia pela exposição trazida ao Brasil e pela relevância das ilustrações expostas.

Além do trabalho da curadora, também há os artigos Homo ridens de Flávio Motta (1952), Sair da linha por Rodrigo Naves (2010), O que Steinberg viu de seu amigo Adam Gopnik (2000), Diário de viagem organizado por Roberta Saraiva e Daniel Bueno e a entrevista O artista fala: Saul Steinberg (1970). Ao final do catálogo, ainda encontramos minuciosa cronologia e bibliografia. Assim, este livro se tornou o que de melhor tenho do genial romeno em minha coleção, mesmo possuindo alguns livros de arte, como All in lineThe passport e The inspector. É que, além dos trabalhos impressos, foi muito bom ler todos os textos, acompanhar sua cronologia de forma detalhada e ver a longa lista de referências bibliográficas. Além disso, foi neste catálogo que vi obras como Desfile (Parade, 1951-1952), os desenhos transpostos para o mural Labirinto das Crianças (1954) presente na Trienal de Arquitetura de Milão e aquela que considero a ilustração mais fantástica já realizada: A linha (The line, 1954), realizada em mais de dez metros de comprimento em papel dobrado.

Acredito que todo fã de desenhos, cartuns etc. deveria conhecer o trabalho de Saul Steinberg, judeu romeno nascido em 1914 e radicado nos Estados Unidos, após uma longa passagem em Milão - onde cursou Arquitetura -, de onde precisou fugir diante da ascensão do fascismo. Sua importância à ilustração é unânime. Afinal, não é qualquer um que tenha ilustrado 89 capas da The New Yorker ou, ainda nesta publicação quase mítica, publicado mais de 1.200 desenhos.

Posso estar enganado. Mas, possivelmente, este catálogo seja a única publicação brasileira dedicada à produção de Steinberg. O IMS editou, na mesma oportunidade, o livro Reflexos e Sombras (o qual não possuo). Esta publicação teve origem em inúmeras conversas entre o desenhista e o amigo e escritor italiano Aldo Buzzi, que as transcreveu e foi o responsável pela primeira edição, na Itália, em 2001.

O que mais me surpreendeu, na obra, foram as informações da relação entre a família Civita (fundadora do Grupo Abril) e o desenhista. Não foi um mero coleguismo. Era uma amizade íntima. E as primeiras publicações rentáveis dos desenhos de Steinberg se deram graças aos esforços dos irmãos Victor e Cesare Civita. Foi por intermédio deste último, aliás, que a revista brasileira Sombra tornou-se a primeira, no mundo, a estampar um desenho de Steinberg na capa. Durante os momentos de extrema dificuldade financeira do artista, enquanto tentava ingressar nos Estados Unidos, a futura família Abril o socorreu com envio de dinheiro. No catálogo, há duas obras da coleção particular dos Civita, destacando-se um de seus pseudodiplomas "conferido" expressamente a Silvana e Victor.





terça-feira, 31 de julho de 2018

Gênesis de Sebastião Salgado [Fotografia]


Minha carta de amor ao planeta.
(Sebastião Salgado, acerca de Gênesis)

Sebastião Salgado é o maior fotógrafo vivo do planeta. Nascido em Aimorés, Minas Gerais, atualmente vive em Paris, onde administra, com sua esposa e grande suporte emocional e profissional, sua agência: Amazonas Images, localizada às margens do canal Saint-Martin. Este ano, o vimos sendo festejado em vários canais de televisão, desde ocupando todo um programa do Jô Soares até como entrevistado no Roda Vida da TV Cultura. Tudo em razão da vinda, ao Brasil, de sua exposição “Gênesis”, fruto de oito anos de trabalho em mais de 30 países, por vários continentes. O trabalho foi resumido num belo livro da Taschen – que, claro, comprei e compartilho nas imagens abaixo. A primeira exposição ocorreu no Natural History Museum, em Londres e, no primeiro semestre deste ano, deu as caras em nosso País.

Este ambicioso projeto de fotografar os lugares mais intocados da Terra – daí, o título emblemático, mesmo que Sebastião Salgado seja ateu – custou quase dez milhões de euros, financiado por revistas internacionais, fundações e pela Vale do Rio Doce.

O trabalho não exigiu apenas muito tempo e recursos financeiros, mas bastante esforço físico do fotógrafo e de seus assistentes. Durante suas viagens, Salgado contraiu malária falciparum e quase faleceu; também foi infectado por um vírus que lhe paralisou parcialmente a face por dias, além de passar semanas sem poder tomar banho, em razão das temperaturas glaciais por onde esteve, além de outras privações, como, por exemplo, as alimentares. Seu assistente Jacques Barthélemy teve a perna gangrenada após a picada de um inseto e precisou ser resgatado de avião em plena floresta da Papua. Tudo em nome da arte e – reflexamente – da ciência.

O livro Gênesis ganhou edição especial para colecionadores, em formato gigante, dividida em dois volumes com encadernação em couro e tecido e suporte de madeira cerejeira assinado pelo arquiteto e designer japonês Tadao Ando. Parte dessas edições de luxo, aliás, também são autografadas pelo próprio Sebastião Salgado. Cada livro custa em torno de U$ 4.000,00. Também houve versões “Art Edition”, acompanhadas de uma foto da coleção e custando em torno de U$ 10.000,00.

Gostei bastante de meu exemplar e considerei o preço de R$ 150,00 mais do que justo, se não até barato. É que são 520 páginas em papel cuchê, num encadernado com sobrecapa em formato 24,3 x 33,5 cm. Para não emporcalhar a impressão das imagens com textos, as informações sobre cada conjunto de fotografias vêm à parte, num livreto. Abaixo, dá para conferir o esmero da publicação. Para fãs de fotografia, item imperdível.






segunda-feira, 29 de maio de 2017

Livros de Saul Steinberg


Saul Steinberg & Saul Steinberg. - Fotografia por Evelyn Hofer

  • All in line
O título mais do que direto e emblemático batiza a primeira publicação reunindo desenhos do pioneiro ilustrador romeno. O exemplar que possuo, amarelado e meio surrado, é uma primeira edição. Também, o que esperar de um volume que estava rodando por aí desde 1945, tendo, inclusive, viajado o mundo: dos Estados Unidos ao Brasil? No geral, está OK. Tenho muito carinho por esse livro. Para quem gostar de arte - em especial, desenhos - vale conferir o vídeo abaixo e, na internet, pesquisar mais acerca dos trabalhos desse consagrado artista gráfico da mítica New Yorker! Destaco que a maioria das ilustrações presentes nesse livro foram originalmente publicadas justamente nesta revista; sete delas, na publicação P.M. e uma na Mademoiselle. Dá para notar que, inicialmente, sua arte era mais figurativa e, com o tempo, foi-se tornando conceitual. É interessante observar essa evolução no trabalho de um artista.

  • Todo en lineas

No vídeo, mostro um pouco do livro mencionado na matéria anterior, quando falei da revista serrote n.º 01. A edição Todo En Lineas da Editorial Abril é do mesmo ano que a americana All In Line, e segue os rigores da publicação gringa: mesma capa dura com tecido, idênticas sobrecapas e no formato 23,0 x 29,6 cm. O livro hermano foi editado, originalmente, com quatro lâminas em seis cores; desconheço se o volume americano também possuía esses mimos. Até o papel do miolo é similar entre as duas edições. A única diferença é a ordem de alguns desenhos, que - sabe-se lá a razão - foram reordenados em algumas páginas pela Editorial Abril, além de incluir, em sua versão, um texto introdutório escrito por Conrado Nalé Roxlo. Alguns desenhos tiveram tradução de grafias integradas à arte, a começar pela capa ("ink", "tinta"), sem a informação de qual artista ou equipe ficaram responsáveis por essas alterações. Tive sorte de encontrar All In Line e Todo En Lineas em bom estado, por preços irrisórios. Ainda vi uma edição de Todo En Lineas com a sobrecapa e as lâminas coloridas por algo em torno de R$ 1.000,00 (fora de meus padrões financeiros). Mas, para um fetichista com bastante grana sobrando, certamente seria um deleite ter a edição impecável na estante. 

  • The Passaport
The Passporte é a reunião de trabalhos onde Saul Steinberg “deitou e rolou”, na definição de Ziraldo. Na orelha do livro, encontramos a seguinte advertência acerca de alguns temas abordados no exemplar: documentos falsos, passaportes, certificados, diplomas, falsa fotografias com falsos autógrafos, vinhos com rótulos falsificados, assim como outras bebidas, falsos ex-votos, caligrafia e cacografia. Além disso, há ainda: impressões digitais, paradas, coquetéis, palmeiras, gatos, passeadores de cães, locomotivas, pontes e estações. E mais: arquitetura vitoriana e art nouveau, bem como notas de viagens pelo oeste europeu, Palm Beach, Manaus e Hollywood.

The Passaport, em resumo, é um portfólio de boa arte difícil de digerir. E o mais legal nessa obra é empreender horas e horas em cada desenho, procurando sempre algo e descobrindo muito mais do que se esperava. A temática principal da obra é a burocracia e os excessos protocolares, patenteados com carimbos e brasões excessivamente ornamentados e assinaturas pomposas. Estas últimas, por sua vez, únicas e gigantes, maiores e mais importantes que seus próprios autores cujas faces são indefinida.

Demorei bastante tempo atrás dessa obra do artista romeno que faleceu como o maior cartunista da História. E ela me caiu nas mãos a preço de banana, em ótimo estado, com miolo perfeito (papel de elevada qualidade), em sua conservada capa dura com tecido. O único “porém” foi a sobrecapa um pouco danificada. Mas o que esperar de uma primeira edição de The Passport há seis décadas circulando por aí? Fiquei satisfeito. Um grande livro, publicado em 1954 pela Harper & Brothers, Publishers, em New York. Em geral, vejo essa primeira edição sendo vendida por mais de US$ 250,00.

A seguir, vídeo onde mostro com mais detalhes as obras acima mencionadas e dois livrões que, talvez, abordarei aqui mais à frente; são eles:
  • Saul Steinberg de Harold Rosenberg
Editado por Alfred A. Knopf, 1978
em associação com Whitney  Museum of American Art
Capa dura com sobrecapa
262 páginas no formato 28,0 x 28,0 cm
  • The Inspector de Saul Steinberg
The Viking Press, New York, 1973
Capa dura (tecido), com sobrecapa
Formato 25,0 x 28,0 cm


Livros de Saul Steinberg por kleiton-alves

domingo, 5 de março de 2017

Livro de Ed Fox [ Taschen para maiores ]


Penso que a Taschen é a única grande editora que investe pesado em livros pornográficos com excelente qualidade gráfica. É que todo mundo diz repudiar o mundo pornô; mas, estranhamente, mais de 70% do tráfego de dados na grande rede são de conteúdo adulto. Ou seja: se quase ninguém gosta de erotismo e pornografia e mesmo assim o mercado fatura uma nota, é porque meia dúzia de punheteiros de mau gosto multibilionários consome tudo o que veem pela frente e, ainda, mantem milhões de computadores processando dados automaticamente e assinam repetidamente todos os canais adultos de TVs pagas. Deixando a hipocrisia de lado: veio para minha estante este belíssimo volume reunindo fotografias eróticas de Ed Fox, um experto tarado em pés femininos. Um DVD com estranhos vídeos curtos de fetiches variados acompanha o volume. O livro traz uma curiosidade: se você não quiser a sobrecapa com a Dita von Teese estampada, vestida de noiva sexy, pode invertê-la e exibir na estante um livro com o sério título: "Commentaries on The Laws of England", de um certo Sir William Blackstone. Salvo engano, a Taschen já publicou três volumes com seleção de fotografias de Ed Fox. Talvez ainda traga todos para minha casa. Nas imagens a seguir, censurei alguns trechos para evitar problemas com o Blogger.







1000 Pin-Up Girls [ Livro de Arte ]



Dando um tempo em postagens sobre HQs, quero compartilhar esse livro de arte: 1000 Pin-Up Girls, editado em 2008 pela alemã Taschen, gabaritada neste setor editorial. O volume é trilíngue: alemão, francês e inglês, com 576 páginas em papel cuchê de elevadíssima gramatura e ótima impressão. Na publicação, encontramos reproduções de capas e miolos de revistas norte-americanas onde o destaque eram essas maravilhosa pin-ups girls. Os títulos onde buscaram as imagens são: Beauty Parade, Titter, Wink, Flirt, Eyeful e Whisper. O trabalho da Taschen, como sempre, é de elevado nível a preço justo. Atualmente, em sebos, dá para encontrar o livro a preços variáveis. Mas, em bom estado, até por R$ 50,00 não é impossível de se comprar. O único contra: a edição volumosa não resiste à grande abertura, separando o miolo da cola que o mantém junto à capa. Quanto ao gato, não tem nada a ver com a postagem. O nome dele é Willie Nelson e não quis sair da mesa durante as fotos. Sou supersticioso quanto à fotografia de animais. Não gosto de tirar fotos de meus gatos muito menos de expô-las, a não ser em porta-retratos na minha casa. Não sei a razão. Mas apenas não gosto. Neste caso, abri uma exceção. Fico por aqui. Abraço a todos. E fica a sugestão, para quem gosta de livros de arte e imagens de mulheres de calcinha.