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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Samuel Foi Pro Céu

 


Há alguns meses venho publicando na Amazon. Que maravilha é ter acesso a um ambiente sem frescura para auto publicação. E não qualquer plataforma: a maior loja de livros deste planeta, sem precisar lamber bolas de mandachuvas do moribundo mercado editorial. O mundo mudou; as formas de consumir conteúdo, idem: música, cinema, séries, livros, quadrinhos, pornografia etc. A internet veloz democratizou o acesso à informação e a espaços de uma maneira que, para mim, há alguns anos, seria inimaginável.

Quem me apresentou as vantagens da plataforma KDP - Kindle Direct Publishing foi o Fabiano Caldeira, o qual, aliás, é um escritor bem recepcionado no ambiente, especialmente entre os leitores de conteúdo erótico.

E agora estou lá na Amazon publicado meus livrinhos, sendo lido por alguns. E hoje publiquei novo conto: Samuel Foi Pro Céu, mais uma trama árida, num ambiente árido, 90% baseado em fatos reais e 10% pura imaginação. E é a pura imaginação, claro, que faz toda a diferença nas amarras das pontas que, no mundo real, ficam soltas.

O livro ficará gratuito durante quatro dias, de 25 a 28 deste mês. Para adquiri-lo, basta clicar em "comprar" por "R$ 0,00". Não há erro. Ele irá para sua conta da Amazon e, quando quiser lê-lo, só precisa do aplicativo Kindle (aliás, ótimo aplicativo). Também pode ler no computador, na própria página da Amazon. Mas eu, particularmente, prefiro ler no tablet ou num celular com quase 7" de tela (se o texto for curto). Para quem possui o e-reader Kindle, melhor ainda.

Enfim, fica a dica de leitura grátis: meu livro, neste link.

Aproveitei para incluir, gratuitamente, os demais livros, pelo mesmo período que o lançamento atual:

  1. A Balada do Boiadeiro (conto bacana)
  2. Bloom Mais Feliz (novela infantil)
  3. Uma História de Robôs (conto fraquinho)
  4. Invenção Noturna (poesia reunida)

Me diverti bastante escrevendo estes livretos e creio que a leitura vale realmente a pena. Tento ser criterioso com o que compensa ser publicado. Admito que o conto Uma História de Robôs é algo aquém do esperado (do esperado por mim, ao escrevê-lo), mas serve para mero entretenimento descompromissado. Já Invenção Noturna me custou anos de escrita e revisão, com resultado positivo em todos os aspectos.

Fico por aqui. Abraços e até a próxima.


segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Uma História de Robôs

 


"Plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. 
Três coisas que cada pessoa deve fazer durante sua vida." 
José Martí

No auge da versão anterior deste blogue, às vezes atingíamos quase dois mil acessos por dia. Era muita coisa. Depois isso mudou, a blogosfera morreu e este novo espaço jamais chegará perto disso novamente. Mesmo no momento onde havia bastante acesso, nunca utilizei plataformas para monetização, pois seria bastante poluição visual para retorno ínfimo, talvez de centavos. Mas, como alguns devem ter percebido, estou há uns dias com publicidade no site: dos livros que publiquei na Amazon.

Há alguns anos, tentei plataformas de publicação digital como Scribd e Wattpad, com relativo êxito mas bastante aporrinhação. No primeiro caso, o ambiente exigia que as pessoas postassem material para poder ler o meu ou então cobrava por assinaturas, mesmo o autor nada ganhando. No Wattpad, encontrei um ambiente autofágico esquisito, onde panelinhas consomem a si mesmas e se unem para "cancelar" autores "tóxicos": um microcosmo da lacrosfera global.

A Amazon parece ser, no momento, a melhor opção para auto publicação, devido ao alcance do Kindle e o sistema de assinatura Unlimited (uma Netflix de livros). Penso que, mais à frente, podem até mesmo utilizar o serviço Prime para leitura gratuita. Quem sabe... De qualquer forma, o mais bacana é que, mesmo sem o dispositivo Kindle em mãos, você pode ler com qualidade em celular ou tablet, por meio do aplicativo de leitura que pode ser baixado aqui. Recomendo bastante. Embora faça uso do Kobo, venho gostando do "app". Não há como negar a supremacia da Amazon quando o assunto é consumo de leitura e as ferramentas por ela oferecidas.

Eu gostaria bastante de manter meus livros sempre gratuitos na plataforma. Mas não é possível. Apenas posso oferecer promoções assim por alguns dias, em dados intervalos. E, se colocá-los gratuitos em outro lugar, o sistema detecta e rejeita sua publicação. E os robôs da Amazon são bem eficientes nessa varredura. Acreditem, pois já tentei.

Amiúdes: minhas obras estão lá. Quando puderem, deem uma conferida. Sempre haverá promoções esporádicas onde estarão para leitura gratuita. Nesta semana, o conto Uma História de Robôs estará disponível para leitura gratuita a partir de amanhã. Basta acessar pelo site ou pelo "app" mencionado e comprá-lo. Embora se trate de uma compra, sairá a custo zero. Trata-se de um mini conto sobre articulações mecânicas, fluidos sintéticos, microprocessadores, inveja e assassinato. Por ser curtíssimo, não cansa se lido no telefone celular. E não se assuste com a formatação do texto, pois foi intencional estruturá-lo de tal forma.

É isso. Estou aqui fazendo meu jabá e, também, indicado o App de Leitura Kindle. Costumo usá-lo no tablet mas, para leitura rápida, é igualmente ótimo em celulares.

Após a leitura, você pode avaliar com até cinco estrelas e comentar algo.

Abraços robóticos e até a próxima.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

O Diabo no Escuro


              
                  Imagem de Enrique Meseguer por Pixabay
           
             O Diabo no Escuro

              Tentei, aparentemente em vão, tratar com o Capiroto.
              Acho que ele não gostou do nome escolhido
                                              [dentre suas 117 alcunhas.
              Por seu bom gosto, não me pediu oti, itaba e inãs.
              Mas ofertei a vela como mera cortesia, em alegria.

              Ele não afina mais guitarras em encruzilhada.
              Nem se preocupada com o terreno onde
                                            [seus pés possam tocar.
              Ele não negocia almas. Não quer mais nada
                                    [além de paz e apreço. Nem luz.

              Porém o Demiurgo está faminto como nunca antes,
              sedento por mais sofrimento, banqueteando-se
                                     [com dor e desilusão, arremessando-nos
                                     [sangue, paranoia, desgosto e cânceres.
              E para enfrentá-lo estamos carentes de Estrela-guia.

              De profundis clamavi ad te, Domine.


Despedida de Avalon [ trechos de um romance inacabado ]

Imagem de OpenClipart-Vectors por Pixabay

 I
    - NO CU, NÃO!

   Berrou Maria Valentina, de quatro, olhando para trás e encarando Enzo Gabriel. Como ela era empoderada, como costumava divulgar aos quatro cantos mesmo sem ser consultada, então prevalecia o "meu corpo, minhas regras". Ele ainda tentou: "Vou por só a cabecinha".

     - Garoto, como diz mamãe, rola não tem ombro. Depois da cabeça o restante entra junto.

     Até havia vontade em experimentar. Ela sempre se sentiu inferiorizada por não tomar atrás. Afinal, se homens davam, por que não ela? Mas as colegas que já deram eram uníssonas: "Dói pra caralho". Não importava se até Karl Marx já havia sido cadela de alguém (com aquela barba pentelhuda era difícil imaginar isso; só que não impossível). Nem se toda a Escola de Frankfurt costumava levar na bunda. Por trás, necas! Mas Enzo Gabriel foi mais esperto e alfinetou: “Até Enzo Emanoel da rua de baixo dá. Você é muito molenga”. Para ela, foi o estopim:

       - Mete, porra!

      E o colega de infância atendeu à ordem, para desgosto de Maria Valentina. Além de bem dotado, ele estava longe da ideia de ejaculação precoce. Não era bem essa a maneira que ela imaginava para quando perdesse as pregas. Isso deveria ser feito com alguém especial, talvez um noiado dos bairros menos favorecidos... E não ali, no quartinho da área de serviço, enquanto estava meio grogue em razão de duas Heineken e um beque. E, para quebrar de vez com o encanto da perda de sua segunda virgindade, sua amiga de faculdade Valentina Sofia observando tudo, filmando com o iPhone, enquanto tragava todo um maço de Black ensebado que empesteava o cubículo. Mas nossa garota gostava de desafios. E aquele seria apenas mais um em sua vida.

       Do lado de fora do quartinho, era festa no apê.


II

    O som tocava alto, o suficiente para seu Mathias – porteiro – subir duas vezes as escadas até o terceiro andar, bater forte na porta e gritar: “Abaixa esta merda, seus arrombados”, ao que todos gargalhavam, enquanto ouviam um pot-pourri indecifrável, vindo ora das caixas acústicas ora dos celulares. Havia indícios de bom gosto com Black Sabbath e Os Novos Baianos numa ponta; e sertanejo e funk noutra. O funk mais lixo, mesmo, daquele produzido pelos pseudo-sofridos que desfilam em comunidades dirigindo Pajero e Camaro, sustentando cinco quilogramas de ouro no pescoço e mais dez de pó nos pelinhos das narinas, enquanto cantam as desigualdades sociais que levam os "manos" ao crime.

    As meninas empoderadas detestavam funk, mas valorizam as fanqueiras que faziam o que bem quisessem com seus corpos e suas almas. Não sabiam explicar bem se aquela exposição de bundas e xotas em shorts minúsculos tinha algo a ver com Simone de Beauvoir. Ah, mas à porra com tudo aquilo. O importante é que cada corpo é um templo cheio de santinhas; e, no caso, elas eram iconoclastas.

    Foi esse inferno melódico que impediu as pessoas amontoadas na sala e cozinha de ouvirem os urros de dor de Maria Valentina, enquanto levou em torno de vinte minutos para arrebentar cada uma das preguinhas bem tratadas com talco da mamãe. Valentina Sofia estava ali apenas para gravar, pois nada que tivesse um “macho” envolvido lhe interessava realmente. E, findo o show, enviou a gravação para o grupo “Cabaret Comunicação Social” do Whatsapp. 

       Tudo se espalhou como vírus em menos de um dia.