sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Sr° Sherlock Holmes, Scatman John e outros achados na Netflix


Ski-bi dibby dib yo da dub dub yo da dub dub.
(John, Scatman, 1942-1999)

O título desta postagem ficou confuso? Então vamos lá.

Esses dias resolvi checar o que havia de bom na Netflix e percebi que entraram muitos bons filmes já bem datados. Então listei o que ainda não vi e, em três dias, assisti a muita coisa boa. Gostaria de escrever um pouco sobre cada um, mas não dá: pouco tempo. Não posso deixar de recomendar achados como Sob A Pele do Lobo, película com quase duas horas de duração onde quase nada é dito com diálogos e muito está nas imagens e olhares de atores tão bons quanto Mario Casas, que chegou ao cinema com a promessa de ser apenas outro galã e mostrou que veio para algo mais. Não existe um ano ou local específicos onde se passa a história do caçador e das pessoas sem nomes lutando pela sobrevivência. Pelo tipo de armamento utilizado pelo protagonista (rifle mais moderno, de repetição e com ferrolho, acho), talvez a trama se passe ao menos em torno de um século, não mais do que isso. É um filme cruel, porém belo, dominado por paisagens deslumbrantes do norte da Espanha e por expressões de sentimentos que podem ser sentidas por você a cada minuto, especialmente a solidão. E solidão é o objeto principal do filme, se você bem reparar. Dê uma chance a esta maravilha e a Ninguém Deseja A Noite (Espanha, França, Bulgária), que também aborda a solidão e os estranhos laços de amizade e empatia que podem surgir em nossas vidas.

Falando em Mario Casas, Na Netflix, com ele, também está o divertido O Bar. Falando em divertido, finalmente resolvi assistir a O Que Fazemos nas Sombras (Nova Zelândia) e fiquei surpreso: é muito bacana. Trata-se do pseudo documentário sobre a vida de um grupo de vampiros e suas relações amorosas (todos héteros, o que é raro ver no cinema hoje em dia), disputas com outros grupos de vampiros e com os lobisomens burrinhos.

Também gostei muito de ver, esses dias, a Nieve Negra, com nosso querido Ricardo Darín. Este cara, para mim, é como John Travolta ou Denzel Washington: se estiverem no elenco, dou uma chance. A "neve" mencionada no título é a da patagônia; e o negrume, o sangue que está há anos jogado sobre ela, marcando para sempre uma família entre ressentimentos, loucura, incesto, amor e dor, muita dor para todos, especialmente para o personagem interpretado por Darín, que tomou para si o fardo de carregá-la quando todos se foram. Com ele também temos, na plataforma, uma produção mais antiga: Um Conto Chinês.

Sob e sobre a neve argentina, também temos Temporada de Caça, drama do ano passado sobre a tensa e distante relação entre pai e filho. É um filme bacana. Porém, a câmera trêmula e o foco em conflitos adolescentes retiraram um pouco de meu interesse. Contudo, serve para passar bem o tempo. Nossos hermanos têm muito o que nos ensinar sobre como fazer cinema.



O que me chamou atenção realmente foi Sr Sherlock Holmes. Achei que este filme seria uma porqueira e nunca lhe daria uma chance. E felizmente me surpreendi. Além de contar com dois atores que me encantam (Ian McKellen e Laura Linney), o autor não se perde numa trama de lógica para, ao final, nos arrebatar pela sagacidade de Holmes. Pelo contrário, Holmes, idoso, fraco e demente, se depara com um caso insolúvel do passado, pois foge das sendas da razão e caminha apenas pelo coração. Ao final da vida, deixa parte de sua vaidade intelectual de lado para aproveitar os frutos desse tardio aprendizado junto a uma mãe solteira e o filho desta, garoto esperto que o admira. Trata-se de Beleza...

É interessante ver como pequenos detalhes do mito Sherlock Holmes são soltos ao longo da história: as mentiras (licenças poéticas) lançadas por John Watson, fiel amigo e esculápio do detetive e seu rentável diarista, a exemplo do famoso endereço na Baker Street 221B.

É engraçado. Mas recordei um pouco do velho Scatman John ao ver o filme. Pode sorrir como quiser, mas ainda acho que esse cara foi um gênio, ao, a partir de tanto lixo, sons tradicionais e eletrônicos e o beatbox quase infantil, retirar algo bom e novo. Somando-se a essa genialidade (característica igualmente de Sherlock, ora), ele também tem uma história pessoal bem interessante e travamento com a beleza da vida já na fase madura, tanto que é conhecido entre os amigos por ter encarado muito bem a iminência da morte por câncer de pulmão, sem neuras e negações. ""Whatever God wants is fine by me ... I've had the very best life. I have tasted beauty", foi o que disse. Mas, claro, sempre será mais lembrado por "Ski-bi dibby dib yo da dub dub Yo da dub dud", como, afinal, sempre quis.

É isso. Fico por aqui. Se estiverem à toa, vejam esses filmes listados na postagem. Grande abraço, parças.


2 comentários:

  1. anotei as dicas de filmes.

    desses só conhecia "O Que Fazemos nas Sombras", que tem bons momentos.

    boa lembrança a de Scatman.

    abs!

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