terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Pinóquio de Winshluss e a cagada da Editora Globo [ a qual foi devidamente corrigida ]


Imagem de meu exemplar.

Na madrugada de hoje li a melhor HQ do ano (ao menos, para mim): Pinóquio, escrita e ilustrada por Winshluss (pseudônimo do francês Vincent Paronnaud), editada no Brasil pela Globo, em capa dura com papel offset 180 g/m² (material bem grossinho), colorido, no formatão 21 x 29 cm, com 192 páginas e tradução de Carol Bensimon. Acredito que 95% do álbum é mudo. A narrativa é puramente gráfica, exceto por pouco momentos de pensamentos e diálogos do personagem Jiminy Barata (o inseto que se aloja na cabeça de Pinóquio, a fim de desempenhar papel similar ao do Grilo falante que se torna a "consciência" do personagem, na fábula que conhecemos). A colorização é uma obra de arte à parte, realizada por três artistas. Em vários momentos, as ilustrações mais bonitas da obra, em razão do apuro de cores - emulando ilustrações de livros infantis clássicos - ganham uma página inteira, funcionando como forma de divisão de capítulos. O tratamento editorial da Globo é quase impecável, se não fosse por um erro grosseiro que comprometeu bastante a compreensão do desenrolar da trama. No volume que tenho em mãos (não pude comparar com outros, vez que o comprei pela internet), a partir da página 144, pulam para a 155, retornando, em seguida, para a 153, continuando da 159 e, mais à frente, repetindo as páginas 155 e 156. As páginas inexistentes fizeram bastante falta, nos deixando sem compreensão de como Gepeto perdeu, novamente, Pinóquio, logo após resgatá-lo. Terei que baixar a obra em scans para ver o que faltou. Um grande e inescusável descuido por parte da Editora Globo, que fez lambança ao publicar o melhor gibi do ano. Na trama, o inventor Gepeto constrói um garoto de metal para uso militar, mas quando Jiminy Barata muda-se para um espaço em sua cabeça e muda alguns cabos, algo sai do controle. Pinóquio assassina a esposa de Gepeto - Svetlana, que utilizava o grande nariz do boneco para fins sexuais - e foge pelo mundo, encontrando de tudo um pouco, inclusive uma versão lésbica de Branca de Neve, mantida em cativeiro para ser explorada pelo Sete Sacanas. Violência, poluição ambiental, miséria e exploração humana de todo gênero permeia a jornada do boneco, tudo muito bem amarrado pelo autor, sem deixar a desejar em momento algum. Há espaço até para o mercado negro de órgãos humanos. Uma boa sacada (dentre tantas) foi a criação de um monstro marinho em razão do lixo tóxico despejado nos oceanos - no lugar da baleia da fábula escrita por Carlo Collodi - que acaba engolindo Gepeto e seu filho mecânico.

P.s.: após esta postagem, recebi contato da editora por meio do blogue anterior e ela me enviou os dados para a troca da edição.

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