terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Blood Creek

Nazistas macumbeiros: garantia de boa diversão.

Joel Schumacher, pouco antes de morrer, afirmava ter levado para a cama mais de vinte mil homens. Não duvido. Foi um bom diretor, responsável por produções que permanecerão na memória afetiva de muitos e, com isso, obteve destaque na Babilônia hollywoodiana. Se até um anônimo consegue sexo fácil (ainda mais nos dias de hoje, quando o corpo humano tem o mesmo valor que um pedaço de cocô), imaginem quantos homens não aceitariam dar o furico a Schumacher, em troca de uma pontinha num filme qualquer.

Em resumo, suas declarações nunca tiveram nada de respeitáveis, pois se vangloriar de foder deveria ser algo insignificante para alguém que possui o mérito de ter encabeçado um bom conjunto de obras. Como diretor, sim, ele foi respeitável. Só por O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (St. Elmo's Fire, 1985), ele já mereceria todo meu apreço.

Blood Creek é um filme curioso, pois, apesar de contar com Joel Schumacher na direção e nomes como Dominic Purcell, Henry Cavill e Michael Fassbender no elenco, passou despercebido. A trama é interessante, e a narrativa segue de maneira destrambelhada. Mas a proposta do filme sempre foi ser um terror/suspense meio gore e banal. E, de fato, passou totalmente despercebido. Eu mesmo o vi há alguns anos meramente por acaso (surgiu como indicação na tela do streaming) e, agora, o revi graças ao algoritmo dentro do gênero terror e sobrenatural.

O mote se liga à já batida história do nazismo e suas práticas ocultistas, algo que, aliás, mencionei aqui quando sugeri o filme Navio de Sangue (2019). A história começa em 1936, com a chegada do oficial e pesquisador nazista Richard Wirth a uma fazenda de imigrantes alemães nos ermos vicinais dos EUA. Ele demonstra interesse por algo peculiar no local: uma imensa e antiga pedra viking entalhada com runas.

Quem é fã da franquia Indiana Jones deve se lembrar de como os nazistas viviam infernizando o arqueólogo em busca de relíquias sagradas que fundamentariam suas crenças e dariam poder ao Reich de mil anos. Isso nunca foi mera ficção. De fato, o alto escalão bigodista patrocinava expedições similares, inclusive em regiões inóspitas como a Antártica.

Após poucos minutos de filme, saltamos para o ano de 2007, onde conhecemos um paramédico atormentado pelo desaparecimento do irmão durante uma pescaria. Numa noite, esse mesmo irmão retorna e o chama para ajudá-lo numa empreitada violenta. Logo percebemos que ele esteve preso por dois anos na mesma fazenda onde o macumbeiro alemão chegou na década de '30 – e que toda a família de imigrantes ainda está lá, vivendo como no passado e sem envelhecer.

E mais: os irmãos têm apenas uma noite para impedir que um ritual macabro ocorra. Se eu falar mais, estragarei as surpresas. Surpresas bobas de um filme simplório – mas, ainda assim, surpresas.

É isso. Sugestão de filme bobo para passar o tempo. Fico por aqui. Abraços emacumbados e até a próxima.


Imagens geradas por IA com base nas diretrizes: Hitler, magia e ocultismo


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

A bela ópera inspirada em Dante Alighieri e que nunca existiu

 

Estatística mais recente deste blogue

Vide cor tuum / E d'esto core ardendo / Cor tuum

Vide Cor Meum de Patrick Cassidy


Magoado e só, / - Só! - meu coração ardeu: 

/ Ardeu em gritos dementes

Epígrafe de Manuel Bandeira

Faz mais de seis meses desde a última postagem nesta plataforma defunta. Ainda gosto deste espaço e as estatísticas me indicam que, por incrível que pareça, ainda há bons acessos. No último mês, foram quase cinco mil. Então é um site que merece permanecer de pé, mesmo que a maioria das pessoas prefiram redes sociais variadas - a exemplo do Instagram - e vídeos curtos como no YouTube, TikTok etc.. Então, enquanto houver acessos, manterei o blog. Mas não me vejo mais no ritmo do passado, com postagens regulares, ao menos semanais. De qualquer forma, pode ser que isso mude. Vai que eu sinta ímpetos, mais à frente, de escrever regularmente? Pode ocorrer. Muitas vezes, não estamos empolgados com algo (música, filme, leituras, escrita e hobbies diversos, v.g.) e, de repente, nos damos bastante a algo até então anestesiado.

Mas vamos lá. Esses dias, reli todos os livros de Thomas Harris onde encontramos o vilão Hannibal Lecter: Dragão Vermelho, em 1981; O Silêncio dos Inocentes, 1988; Hannibal, 1999; e Hannibal - A Origem do Mal, de 2006. Releituras em regra são proveitosas e deveras encontramos no texto - e nas entrelinhas - novas percepções passadas incógnitas à primeira vista. Dessas releituras, surgiram alguns vídeos postados no meu vlog. Então basicamente o objetivo desta postagem é fazer auto-jabá de meu conteúdo. Até porque só tenho a mim mesmo para me divulgar. Entretanto, há algo que queria compartilhar: uma belíssima peça que nunca existiu.

Tanto no romance quanto no filme homônimo - dirigido porcamente por Ridley Scott -, Hannibal assume a vida de Dr. Fell, curador da biblioteca do Palazzo di Gino Capponi. Ali, ele se interessa ainda mais por Dante Alighieri e a obra Vita Nuova é citada algumas vezes. No livro, Hannibal, sob seu disfarce de curador, realmente encontra o casal Rinaldo e Allegra Pazzi numa apresentação pública. Não há detalhes sobre a peça executada, mas passar-se-ia no Teatro Piccolomini, com a Orquestra de Câmara de Florença. Como Allegra observa bastante o libreto, Hannibal/Fell lhe oferece um pergaminho escrito à mão, do Teatro Capranica, de 1688, o ano em que ela teria sido escrita. No cinema, inventaram algo sobre a passagem de Vita Nuova, quando, entre sonhos e suas interpretações, Dante se questiona sobre Beatriz a lhe devorar, literalmente, o coração. A aria Vide Cor Meum foi brilhantemente composta e executada por Patrick Cassidy. Sem saber, ele nos deu alguns minutos da mais bela ópera que nunca existiu - foi tudo criação do compositor, exclusivamente para o filme.

É isso. Só queria movimentar este blogue pelo qual mantenho bastante carinho e dar impulso ao meu conteúdo no YouTube.

Abraços canibais, bon appétit e até a próxima.