domingo, 5 de maio de 2019

Chico Bento Moço n.º 01 [ Republicação de postagem ]


Pois sou o que sou, seu amigo, seu amor.

Li ontem à noite a primeira edição de Chico Bento Moço, a versão jovem e mangalizada dos Estúdios de Maurício de Sousa para o caipira que mais gostamos das HQs. Não sou fã dessas versões em "estilo mangá", mas reconheço a investida como uma tentativa - de sucesso, diga-se - do MSP em conseguir leitores de uma faixa etária entre a infantil e a adulta. Ou seja: conquista em cheio a geração desmiolada. Não demoraria para acontecer o mesmo com o Chico.

Comprei essa primeira edição por apego ao personagem e pelo valor histórico. Confesso que achei uma "bonita história". Boba, simples, com todos os clichês estéticos da "mangalização". Não sei se comprarei mais outro número [adendo: acabei comprando as dez primeiras edições]. Não foi uma leitura totalmente desperdiçada, mas não é algo que me atrai e, no geral, já possuo muita coisa para para ler. São cem páginas no formato 17,0 x 21,0 cm, em capa cartonada, custando R$ 7,50.

Está todo mundo lá: a Dona Marocas como Diretora da Escola, Zé Lelé ainda lelé (e sem querer sair de Vila Abobrinha, onde cuidará da roça do pai), Hiro e Zé da Roça acompanhando o Chico na empreitada e, claro, a belíssima Rosinha. Graficamente, foi um belo trabalho. E deixaram o Chico quase um halterofilista (bodybuilder, como dizem hoje nas academias), talvez de tanto carregar sacos de ração e latas de leite, cortar lenha e subir em goiabeiras.

Achei legal ver o Nhô Lau velhinho e empreendedor, dono da fábrica da Goiabada Cascão. Ah, para quem não gosta do doce, esclareço que "cascão" é um tipo de goiabada com mais pedaços da fruta, em um estado mais bruto (para mim, a melhor!). Os animais também ainda estão vivos: Giserda, Torresmo e Maiada, só que interagindo de maneira humana na história (algo bem típico do mangá). Ainda há espaço para o folclore (só que estilizado), com um Saci Pererê cool. Não perderam a oportunidade de mostra o Genesinho, que se tornou o bostinha que todos esperávamos. Afinal, nas redações nacionais, quem é rico leva sempre a pencha de "bostento", quando o mundo real nos mostra que há rico bom e ruim, pobre legal e safado. Há apenas humanos e suas falhas. Dinheiro não define caráter; e sua ausência, igualmente. O cara mais legal com quem me graduei, por exemplo, era milionário. Enfim...

A história termina com os personagens preparando-se para tomar outros rumos, para "avoar" noutros campos. Zé da Roça e Hiro estudarão na Cidade de Presidente Fonseca; Rosinha, irá para Campos Verdes; Chico estudará agronomia em Nova Esperança. Acho que a divisão do pessoal em cidades diferentes tornará mais interessante a elaboração de histórias, com núcleos diversos. Na despedida, eles combinam de se ver apenas daqui a um ano. Mas acredito que ainda teremos histórias que se passarão na Vila Abobrinha, especialmente pela permanência do Zé Lelé por lá.

De toda a trama, achei bacana, em especial, o momento em que a Dona Marocas olha os quatro personagens principais e os vê como crianças! O que mais chateou foi o fim do caipirês. Chico e Rosinha não mais o falam; exceto quando deslizam um pouco no autocontrole do sotaque e em situações onde a emoção seja mais forte.

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