terça-feira, 11 de dezembro de 2018

A Livraria [ Cinema ] e o Conservadorismo


É curioso até onde chega o mau caratismo de autodenominados "antifascistas" que, no fundo, não passam de mimados criados em apartamentos aderindo, por modismo e ignorância, a discursos clichês e a movimentos esquizofrênicos. Seja lá quem escreve os resumos para a Netflix, por vezes, chega ao limite da canalhice. Ou o ultrapassa. Vejamos a sinopse para o filme A Livraria: "Inglaterra, 1959. Uma viúva decide abrir a primeira livraria da cidadezinha conservadora onde, apesar da oposição dos habitantes locais".

É assombroso ler algo assim, especialmente porque, creio, retardado algum escreveria uma história onde conservadores sanguinários promoveriam ações de represália a uma livraria para "combater as luzes" com suas "ideias tenebrosas" acerca de vida, família, cultura e política. Aliás, a filosofia conservadora é altamente sofisticada e seus maiores expoentes têm o respeito inexorável de qualquer estudioso até mesmo mediano. O conservadorismo político não tem nada a ver com sua opção por se travestir de mulher melancia em pleno meio dia, em horário útil, e ir ao supermercado assim, ainda que barbado. Conservadorismo parte do pessimismo de que a vida é complexa demais para ser modificada por ações experimentais de gabinete. Essencialmente, é isto. E vale a pena correr atrás de mais informações, pesquisar e estudar bastante para sair do lugar comum do “progressismo” de boutique acadêmico brasileiro e conhecer o mundo real, a começar pelo preço do quilograma de carne no açougue e o porquê de tal estipulação de preço. Já viram o preço do feijão esta semana? Procurem saber. Saiam da redoma confortável do discurso politicamente correto, das frases feitas de seu professor esquerdista que ainda mora com a mãe. Arregace as mangas e lute contra a matrix do coletivismo que apenas incha o Estado e os bolsos de políticos e burocratas para se intrometerem em sua vida privada, familiar e comunitária.

Aliás, a sinopse acima transcrita é tão medíocre que, no filme, descobrimos que a cidade possuíra livraria alhures, fechada após uma briga boba e provinciana, até mesmo cômica. E mais: os “malditos conservadores” locais não se voltam contra os livros, contra o conhecimento. Apenas a Senhora Violet Gamart, rica e prepotente, não quer o negócio na Old House, almejada por ela por razões, no fundo, escusas. Tanto que propõe à livreira que a abra noutro local e até sugere outro ponto. E, mais à frente, estimula que um aristocrata amigo seu inaugure concorrência na cidade. A pequena livraria, ademais, é um sucesso. Vive cheia de compradores e apenas Lady Gamart e meia dúzia de seus comparsas se voltam contra o negócio. Num determinado ponto, a publicação de Lolita de Nabokov chega a causar certo alvoroço, como era de se esperar e foi testemunhado por toda uma época. Mesmo assim, dezenas de pessoas adquirem o livro e o único imbróglio sobre sua exposição na vitrine do bookshop é estar causando problemas de aglomeração de pessoas em frente à loja, para passagem de pessoas e veículos. E, durante o início da trama, várias pessoas apenas a advertem que livro não é bom negócio porque as pessoas não gostam de ler, e não por "conservadorismo".

Por fim, destaco que quem arruína a vida da inocente livreira Florence Green é o... Estado, seus políticos e burocratas. Ela é acima de tudo uma empreendedora que arregaça as mangas para seguir com seu projeto lucrativo. Sim, a livraria precisa dar lucro para bancar o investimento e a hipoteca do imóvel. E Lady Gamart, Juíza de Paz, esposa de um General da Reserva e tia de um Parlamentar é quem consegue, mediante leis abusivas sobre setor imobiliário e fiscalizações burocráticas absurdas, fechar o pequeno negócio. Sem o Estado, com liberdade de Mercado, o pequeno negócio prosperaria. Pensem nisso, tolos autoproclamados antifascista, ao ver um filme como A Livraria apenas pelo viés revelado por seu professor #lulalivre ou diante de sinopses descuidadas assim, onde a Netflix dá lições de fascismo ao rotular o pensamento conservador de forma tão pobre e estúpida.

Por fim, destaco que o filme foi adaptado do romance homônimo de Penelope Fitzgerald.

Abraços conservadores e até a próxima.

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