sábado, 8 de setembro de 2018

Saul Steinberg: As aventuras da linha [ Catálogo da exposição, Livro de arte ]


De maio a novembro de 2011, o Instituto Moreira Salles (IMS) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo realizaram a exposição Saul Steinberg: As aventuras da linha, no Rio de Janeiro e em São Paulo. A maior parte do acervo (quase totalmente) veio da The Saul Steinberg Foundation. Fruto dessa mostra, o IMS editou o catálogo das imagens abaixo, com todo o capricho que poderíamos esperar desse Instituto fundado por uma família que tem dinheiro a rodo: capa dura no formato 26,0 x 32,0 cm, 324 páginas em papel de excelente qualidade, tipo cuchê e de elevada gramatura. Além do portfólio exposto em nosso País, os textos presentes na publicação são excelentes para quem quer conhecer mais sobre o artista e sua obra. O artigo As aventuras da linha, escrito pela historiadora Roberta Saraiva (curadora da exposição), não apenas nos introduz no trabalho de Steinberg, mas, igualmente, nos guia pela exposição trazida ao Brasil e pela relevância das ilustrações expostas.

Além do trabalho da curadora, também há os artigos Homo ridens de Flávio Motta (1952), Sair da linha por Rodrigo Naves (2010), O que Steinberg viu de seu amigo Adam Gopnik (2000), Diário de viagem organizado por Roberta Saraiva e Daniel Bueno e a entrevista O artista fala: Saul Steinberg (1970). Ao final do catálogo, ainda encontramos minuciosa cronologia e bibliografia. Assim, este livro se tornou o que de melhor tenho do genial romeno em minha coleção, mesmo possuindo alguns livros de arte, como All in lineThe passport e The inspector. É que, além dos trabalhos impressos, foi muito bom ler todos os textos, acompanhar sua cronologia de forma detalhada e ver a longa lista de referências bibliográficas. Além disso, foi neste catálogo que vi obras como Desfile (Parade, 1951-1952), os desenhos transpostos para o mural Labirinto das Crianças (1954) presente na Trienal de Arquitetura de Milão e aquela que considero a ilustração mais fantástica já realizada: A linha (The line, 1954), realizada em mais de dez metros de comprimento em papel dobrado.

Acredito que todo fã de desenhos, cartuns etc. deveria conhecer o trabalho de Saul Steinberg, judeu romeno nascido em 1914 e radicado nos Estados Unidos, após uma longa passagem em Milão - onde cursou Arquitetura -, de onde precisou fugir diante da ascensão do fascismo. Sua importância à ilustração é unânime. Afinal, não é qualquer um que tenha ilustrado 89 capas da The New Yorker ou, ainda nesta publicação quase mítica, publicado mais de 1.200 desenhos.

Posso estar enganado. Mas, possivelmente, este catálogo seja a única publicação brasileira dedicada à produção de Steinberg. O IMS editou, na mesma oportunidade, o livro Reflexos e Sombras (o qual não possuo). Esta publicação teve origem em inúmeras conversas entre o desenhista e o amigo e escritor italiano Aldo Buzzi, que as transcreveu e foi o responsável pela primeira edição, na Itália, em 2001.

O que mais me surpreendeu, na obra, foram as informações da relação entre a família Civita (fundadora do Grupo Abril) e o desenhista. Não foi um mero coleguismo. Era uma amizade íntima. E as primeiras publicações rentáveis dos desenhos de Steinberg se deram graças aos esforços dos irmãos Victor e Cesare Civita. Foi por intermédio deste último, aliás, que a revista brasileira Sombra tornou-se a primeira, no mundo, a estampar um desenho de Steinberg na capa. Durante os momentos de extrema dificuldade financeira do artista, enquanto tentava ingressar nos Estados Unidos, a futura família Abril o socorreu com envio de dinheiro. No catálogo, há duas obras da coleção particular dos Civita, destacando-se um de seus pseudodiplomas "conferido" expressamente a Silvana e Victor.





8 comentários:

  1. https://www.youtube.com/watch?v=h-1qtAHCPMQ

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bem lembrado. Na postagem original do blogue anterior, eu tinha incorporado este documentário do IMS. Abraços, Grande!

      Excluir
    2. não tem relação com esse post e não achei o post antigo, mas olha esse ex-libris:

      https://josenaranja.blogspot.com/2018/09/ex-libris-rubber-stamp.html

      abs!

      Excluir
    3. Ainda hoje não fiz o meu ex-libris.
      A postagem que havia no blogue anterior ainda não veio para este, acerca do assunto.
      O mais legal é que ainda aparecem alguns títulos que são importantes à vida do dono do selo, como 1984 e o I Ching.
      A forma de carimbo ao invés de estampilha tb foi uma ideia bem prática.

      Excluir
    4. ainda é tempo de criar o seu, ainda mais com uma biblioteca como a sua.

      O Naranja aparentemente fez o carimbo em Bangkok. Se vc achar achar alguém com esse nível de qualidade no Brasil, me avise, pois aí invento meu ex-libris.

      abs!

      Excluir
    5. Eu conheço um bom sujeito que sabe entalhar madeira, vc passando a arte para ele. É o mesmo que me fez vários encadernados artesanais e mora no centro da cidade onde vivo. Contudo, está bem idoso e parou de trabalhar com isso totalmente. Agora, passa quase todo o tempo plantando e colhendo bananas em seu sítio.
      Mas não acho impossível uma empresa de carimbos fazer isso, desde que vc envie a arte... Ainda pesquisarei melhor a respeito. Se encontrar algo antes, me avise tb. Abraços!

      Excluir
    6. Tive algumas ideias:

      1 - perguntar a empresas nacionais se elas conseguem esse nível de detalhismo usando sites como o mercado livre ou Elo7.

      2 - tentar profissionais liberais como esse: http://exlibris.paulopedott.com/

      3 - tentar sites estrangeiros como ebay, amazon ou esse: http://www.bloomfieldandrolfe.com

      abs!

      Excluir

Comente ou bosteje.