quinta-feira, 12 de julho de 2018

The Deer Hunter de 1978 [ O Franco Atirador ]


Após postar algo sobre balaço na cabeça recentemente, qual o filme que por acaso acabo revendo no dia seguinte? The Deer Hunter, horrivelmente trazido para nós com o título de O Franco Atirador. Aproveitei para tentar compreender porque esse filme levou a estatueta de melhor filme em 1979 e porque, ainda hoje, é visto como um dos melhores filmes de guerra da história. O filme é bacana no geral e as cenas de roleta-russa são únicas. Aliás, foi em The Deer Hunter que tomamos conhecimento da popularidade desse esporte tão sadio, alegre e lúdico que é apostar nos miolos alheios. Deveria se chamar roleta-vietnamita. Filme realmente bom. Mas, francamente, três horas de filme onde boa parte é enrolação? Acho um filme superestimado. Contudo, aproveito o momento para indicá-lo a quem nunca assistiu ou o desconhece.

Na trama, três amigos russo-americanos Michael (Robert de Niro), Steven (John Savage) e Nick (Christopher Walken) trabalham numa siderúrgica e se despendem do mundo normal na festa de casamento de Steve e, no dia seguinte, em uma caçada a veados. Após uma hora de abobrinha, saímos da cinzenta Pensilvânia para tiros, explosões e lança-chamas no Vietnã. E ali, em cativeiro, os três amigos voltam a se encontrar sob o horror extremo. A ascendência russa deles é emblemática, penso, considerando a natureza ideológica do conflito.

O tempo de cenas de guerra é curto. Deric Washburn (Roteirista) e Michael Cimino (Diretor) optaram mais por focar em vidas no pré e pós guerra. Conheço uma penca de filmes que tiveram mais sucesso nessa parte e que não contaram com 10% do prestígio de O Franco Atirador.

A atuação de Christopher Walken está extraordinária. Amo esse cara e nunca deixei de me surpreender com suas atuações. Merecida, acredito, estatueta de melhor ator coadjuvante. Claro que Oscar, ainda mais hoje em dia, seja uma festa irrelevante para quem realmente ama cinema enquanto arte. Mas ver um bom ator ganhá-lo tem, se não sabor, ao menos o cheiro de justiça.

Foi o último filme de John Cazale, que gravou suas cenas às pressas pois já era paciente paliativo com câncer nos ossos. Finda a produção, veio a falecer. Sua então esposa Meryl Streep também está no elenco, no auge de sua beleza e ainda não desmiolada pelo ativismo politiqueiro acéfalo.

Gosto de filmes de guerras. Em matéria de conflito armado, sou meio como George Patton e o Mc Donalds: amo muito tudo isso. Só que jamais iria a uma. Seria um desertor clássico, escondido embaixo da cama. Dar minha vida ou o restante de minha sanidade por uma pátria fodida empesteada por homens e mulheres vaidosos, para que possam continuar seus estilos de vida egocêntricos, suas poupanças, viagens e roupinhas caras? Tô fora. Dentro desse meu gosto por filmes de guerra, acima de tudo, The Deer Hunter sempre terá um lugar de honra pelas sequências de roleta-russa. Que esporte, meu Deus!

Em minha edição de Tudo Sobre Cinema editada por Philip Kent (no Brasil pela Sextante em 2011), soube que setores progressistas mimizentos ficaram pistolas com o filme por "mostrar uma imagem brutal e parcial dos norte-vietnamitas". As cenas de roleta-russa também provocaram polêmicas pois "não havia qualquer indício de que os vietnamitas do norte tivessem usado o jogo mortal". Por atitudes assim é que desprezo cada vez mais a turma da esquerda politicamente correta. Diante de atrocidades infindáveis de guerra, o terror sangrento de Pol Pot, o genocídio de seu próprio povo perpetrado pelo Khmer Vermelho, a turminha paz e amor norte-americana mostrou-se mais preocupada com a "má imagem" que o filme poderia causar.

No final das contas, enxergo a película mais como uma história sobre amizade verdadeira do que sobre os horrores da guerra, ainda mais pelo arremate derradeiro, quando Mike (de Niro) retorna a Saigon para resgatar Nick (Walken) da loucura e, para isso, precisa reviver toda a tortura a qual foi submetido. A cena destacada abaixo (spoiler!) tornou-se icônica.

Histórias sobre amizade sempre nos encantam. Um dia, como vocês, tive amigos de verdade.

Até a próxima, camaradas.



2 comentários:

  1. macabra coincidência em ver esse filme justo agora.

    Meryl Streep já foi muito gata.

    sobre filmes, a lista abaixo foi feita por cinéfilos dando ênfase a boas e desconhecidas obras.

    https://filmow.com/listas/101-filmes-tesouros-perdidos-l5273/

    abs!

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