domingo, 5 de março de 2017

A Máquina de Goldberg [ HQ ]



A Quadrinhos na Cia, há alguns anos, nos dá muitas alegrias. Praticamente todos os lançamento desse selo da Companhia das Letras é bom ou muito bom - exceto pelo já comentado, aqui, O Retrato de Dorian Grey. Há dois dias, li A Máquina de Goldberg, HQ nacional escrita por Vanessa Barbara e ilustrada por Fido Nesti. É um bom gibi. História interessante, bem executada, publicada em brochura, no formato 27 x 18 cm, com 114 páginas em P&B com tons de verde, no excelente papel pólen bold, ao preço de capa de R$ 34,50 (facilmente reduzível nos descontos por aí).

Sinopse. Getúlio é um garoto introspectivo que, por comportamento reputado "antissocial", é mandado ao acampamento de inverno na Rifaina, onde conhece um pouco mais da crueldade de Rufus (professor de educação física e orientador educacional) e de seus colegas de classe, ao mesmo tempo em que trava conhecimento com o zelador Leopoldo e mais dois funcionários do lugar inapropriadamente chamado Montanha Feliz. Com o tempo, Getúlio descobre não ser o único a odiar Rufus, embarcando num plano de vingança há décadas burilado, envolvendo - nesse projeto de vingança - seus colegas de classe e uma mega e audaciosa Máquina de Rude Goldberg.

Avaliação. O clima da história ficou meio "americanizado", desde os personagens à paisagem em sua volta. Penso que poderiam ter nacionalizado mais o ambiente. Também não compreendi bem qual a intenção da autora em mencionar as "variação de Goldberg" e meter, na trama, as composições de Johann Sebastian Bach. Sabemos que as The Goldberg Variations não têm nada a ver com o trabalho de Rude Goldberg, mas, sim em razão de Johann Gottlieb Goldberg ter sido o primeiro músico a executar a grande obra de J. S. Bach que consiste em uma ária e um conjunto de trinta variações (Hannibal Lecter está sempre ouvindo essa composição no cinema, lembram-se?). Talvez tenha sido a intenção de dizer que tudo está concatenado, como numa máquina de Goldberg, até mesmo nas simples referências e empregos de definições, por mais díspares que os objetos definidos sejam. Enfim, é o que acho.

Confesso que o desfecho da obra, com a máquina de Goldberg tramada pelo velho Leopoldo funcionando para dar cabo à vingança final, deixou a desejar. Poderiam ter trabalhado melhor nisso. Ficou um pouco sem graça e "solto" tudo aquilo. No entanto, a última página do livro é bastante emblemática, com Getúlio fascinando (e paranoico) com tudo o que aprendeu ali, dando asas à sua imaginação na elaboração de uma máquina global e complexa; e tudo a partir de uma "mola maluca" (brinquedo que fez sucesso na minha infância).

Pelo que se divulga, esta HQ é a primeira de projeto da Quadrinhos na Cia unindo escritores e ilustradores na criação de graphic novels nacionais. A editora anunciou já ter programados os lançamentos de Guadalupe (Angélica Freitas e Odyr), V.I.S.H.N.U. (Ronaldo Bressane e Fábio Cobiaco) e Campo em Branco (Emilio Fraia e DW Ribatski). Esperemos que esses autores se esforcem bastante, embora amarrados a prazos, e nos deem tramas bem elaboradas, com arte competente. 

UPDATE: esta postagem é republicação do finado Blog do Neófito, escrita na época do lançamento da HQ em apreço. Infelizmente, o tempo mostrou que a empreitada da Quadrinhos na Cia foi uma bosta. As demais HQs foram medianas. Guadalupe, por exemplo, é a maior porcaria que já li em matéria de algo que se propõe a ser uma graphic novel.




2 comentários:

  1. Oi, Neófito! Tudo bem? Fiquei sabendo que seu blog antigo foi apagado, que droga! To voltando a postar no meu blog e estou adicionando o seu novo blog ao meu blogroll. Valeu!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O lado positivo (se é que tem algum) é que pude fazer uma faxina em postagens lixo e tentar novo formato. Não conseguia mexer mais no modelo anterior pq tinha alterado todo o html. E teria que pagar a alguém para consertar, coisa que não faria: gastar dinheiro om blogue.
      Estou adicionando o pessoal tb. Incluirei o seu aqui.
      Abraços!!!

      Excluir

Comente ou bosteje.