terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O que aconteceu ao Cavaleiro das Trevas? [ HQ, review ]


Imagem de meu exemplar.
- Eu morri?
- Ainda não.
-  Diga o que está havendo.
- Bruce, você é o maior detetive do mundo. Por que não descobre?


Comprei o encadernado O Que Aconteceu ao Cavaleiro das Trevas? na banca. Maravilha que só a Panini consegue fazer: colocar, em bancas, um encadernado capa dura, com papel cuchê, a R$ 21,90. Todas as editoras dão suas cagadas e com a Panini não é diferente. Mas, ao menos, vez ou outra, somos surpreendidos com coisas bacanas assim. O encadernado nos traz mais três histórias do Cruzado Encapuzado escritas pelo genial Neil Gaiman: Um Mundo em Preto e Branco, já publicada em Batman Preto e Branco pela própria Panini (livro que recomendo); Pavana, para mim então ainda inédita; e a bacana Pecados Originais - Quando Uma Porta, que li pela primeira vez quando tinha meus treze ou catorze anos de idade, no Superalmanaque DC n.º 01 - Origens Secretas. Infelizmente, perdi este último gibi (formatinho robusto editado pela Abril em 1990) numa mudança.

Aqui, quero comentar brevemente apenas a primeira história, que dá título ao volume. Afinal, pouca gente lê grandes textos em internet.

A história Whatever happened to the caped crusader? foi escrita por Gaiman e ilustrada por Andy Kubert para ser a última do Homem Morcego. Ou melhor: para ser a última de uma fase do Batman, antes do reboot. E como deveria ser a última história desse medalhão da DC? Ora, por que não sua morte? Mas todos estamos cansados de mortes em quadrinhos, onde, em poucas edições, o herói retorna de uma maneira mal contada e oportunista. Com Gaiman é diferente. A morte de Batman não é física; mas, sim, literária. Ou melhor: Batman reflete, durante seu funeral no Beco do Crime, sobre seus passados editoriais, televisivos e cinematográficos, e aguarda, ao lado de uma entidade misteriosa, sua próxima "revisão", por assim dizer. Não vou estender demais, pois perderia a graça e acabaria entregando o melhor da trama. O que falei, aqui, foi minha interpretação. Mas cada um pode retirar conclusões diferentes.

O trabalho de Andy Kubert está magnífico. E Batman nos é apresentado em diversas "versões". Não só ele, mas, também, os vilões. Destaque para os "Coringas" de Jerry Robinson, Brian Bolland e Dave McKean. Sobre o trabalho, o próprio artista explicou a Gaiman o caminho que trilhou para chegar aquele resultado, ao tentar "emular" o traço dos artistas que deixaram sua marca nos contos do Morcego: "Não tentei desenhar como eles. Tentei desenhar como se os artistas que você citou tentassem desenhar como eu".

O título remete à clássica HQ escrita por Alan Moore para o Superman: Whatever Happened to the Man of Tomorrow?, com arte de Curt Swan. Tal ideia de aproveitar o título partiu um pouco do editor Dan DiDio, sendo incorporada pelo próprio Neil Gaiman. Mas essa não é a única semelhança com a obra de Moore. Notei que a ideia central desenvolvida na HQ de Batman é a mesma que Alan Moore utilizou nos primeiros capítulos de Supremo - A Era de Ouro, da Image, sobre "revisionismos", jogando com a metalinguagem. Mas em nada essa semelhança desabona o trabalho de Gaiman/Kubert.

Achei o final da trama bonito, com Batman despedindo-se dos elementos que compuseram sua existência, enquanto se prepara para uma nova jornada, para uma nova "revisão". A própria última história de "uma das vidas" do Cavaleiro das Trevas é um caso que ele precisa solucionar, descobrindo se está, ou não, morto. Demorei a ler essa HQ por puro preconceito, admito. Pensei que seria mais um caça níquel. No entanto, é uma boa história estrelada pelo maior herói dos quadrinhos. Vale a pena, ainda mais pelo preço.


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