segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Dredd [ Cinema, 2012 ] e Juiz Dredd Origens [ HQ ]



Assisti a Dreed e gostei. É um filme dinâmico, repleto de cenas de ação e violência sem qualquer espaço para delírios filosóficos ou momento fofinhos ou engraçados. Puro entretenimento, justamente o que eu queria. A concepção de Juiz Dredd ficou o mais fiel possível dos quadrinhos - respeitadas as limitações, exigências e características cinematográficas. Um trabalho, sem dúvidas, muito superior ao estrelado por Stallone em 1995. Aliás, o fato do ator (Karl Urban) que interpreta Dredd não ser nenhum grande astro do cinema até possibilitou que seu rosto nunca fosse integralmente mostrado. 

Durante todo o filme, Dredd permanece de capacete, o que homenageia ainda mais as histórias em quadrinhos (para quem nunca leu uma HQ do personagem, é bom ressaltar que ele jamais revelou o rosto, nem nunca apareceu sem farda). Como é sabido, o filme de 1995 deveria ter sido mais fiel às HQs; entretanto, de acordo com o diretor Danny Cannon, o resultado final de O Juiz foi totalmente diferente do roteiro original, em razão das excessivas interferências feitas por Stallone. 

Na trama desta boa adaptação, Dredd acompanha uma novata com poderes psíquicos, para avaliá-la. Em meio às ocorrências, os dois juízes acabam parando em um dos grande edifícios residenciais de Mega-City One, onde dezenas de milhares de pessoas vivem. O local é comandado pela criminosa psicopata conhecida por Ma-Ma, a qual produz e distribui a droga mais buscada do momento: "slo-mo". Essa substância, inalada na forma de vapor, mantem o usuário numa sensação de lenta passagem do tempo, como se o mundo à sua volta estivesse em slow motion. Ao desbaratarem uma "boca" de slo-mo no distrito, Dredd e a novata Cassandra (Olivia Thirlby) prendem um traficante. Com medo que esse traficante revele um segredo que põe risco ao avanço da nova droga, Ma-Ma (interpretada pela belíssima Lena Headey, que enfeiou muito para o papel) fecha todos os acessos à megaestrutura habitacional e dá o ultimato: ninguém sai ou entra dali até os Juízes estarem mortos, e quem os der guarita será executado (incluindo toda a família). Esse é o mote para um filme de caça dentro de um labirinto de concreto, com ótimas cenas de violência em câmera lenta (nos dando a ideia de como se passa realmente o tempo na percepção de um usuário de slo-mo, a exemplo das imagens abaixo). 

Acredito que assistir a este filme em 3-D deve ser uma ótima experiência, em especial nas cenas lentas. Um bom filme para quem gosta de quadrinhos e filmes de ação que não desprezam nossa mínima inteligência. Quem não conhece muito acerca do universo de Juiz Dredd, recomendo pesquisar sobre essa figura, criada pelos quadrinistas John Wagner e Carlos Ezquerra.

Imagem de meu acervo.
A morosidade da Justiça é mais uma das pedras no sapato do cidadão honesto que paga religiosamente seus tributos. E isso nunca será solucionado, pois envolve a extinção de privilégios como as férias aristocráticas de sessenta dias da Magistratura e dos membros do Ministério Público, uma reforma profunda na legislação que dispõe acerca de nossa sistemática recursal e, claro, a inutilização de centenas de Gabinetes abarrotados de pessoal (cargos em comissão) e mordomias. É que, sem o excesso de recursos e com um Judiciário mais célere (eficiente) em funcionamento, cargos seriam extintos e, quem sabe, até mesmo algumas Cortes. Assim, conforme-se: a Justiça brasileira talvez nunca mude; talvez, nunca atenda ao princípio da razoável duração do processo, da celeridade processual. A não ser que surja entre nós Eustace Fargo e aflorem suas ideias de "justiça imediata". Isso aconteceu no Estados Unidos da América retratado em Juiz Dredd: Origens.

Gostei dessa edição. O preço das publicações Mythos sempre são salgados. Mas a qualidade do material compensa. Não me refiro apenas ao conteúdo, mas, especialmente, ao capricho dos encadernados. É um material gostoso de se ter em mãos. Na HQ, conhecemos como o sistema judicial de Mega City One se originou, a partir das ideias revolucionárias de Eustace Fargo (pai genético de Dredd e Rico), com a extinção do devido processo legal lento e ineficiente para uma era de violência sem fim. Ainda nos é apresentada a história do fim do mundo como o conhecemos, após uma guerra sangrenta que, com o emprego de armas nucleares, calcinou por completo quase todo o Planeta, coberto por um solo doente, improdutivo, habitado por aberrações, crias da radiação. A política beligerante americana, representada pelo Presidente Booth, teria sido a origem das terras devastadas que sempre vimos nas histórias de Dredd.

Recomendo bastante o gibi. Não estou acompanhando as magazines da Mythos, pois evito mensais (ainda mais quando fecham com aquele chute no saco "continua na próxima edição"). Comprei o Especial de Natal, somente, em razão de possuir histórias fechadas. De qualquer forma, sou fã mesmo de encadernados, com material selecionado, arcos ou sagas fechadas e fácil de arquivar. Nas fotografias abaixo, aproveitei para compartilhar imagens de uma revista que possuo há quinze anos: Batman / Juiz Dredd - Vingança em Gotham (Editora Abril, 1995), com argumento de Alan Grant e John Wagner, arte de Cam Kennedy e capa de Mignola.

Juiz Dredd - Origens, publicado em: outubro de 2013 pela Editora Mythos (2000 Ad Books), com de 196 páginas, no formato 19 x 26 cm, colorido e com capa dura, ao preço de R$ 69,90. HQ de John Wagner, Carlos Ezquerra e Kev Walker, com tradução de Pedro Bouça e Helcio de Carvalho.

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