terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Decepção com "Ouro da Casa" [HQ]


Imagem de meu exemplar.

Edição especial, formato 19 x 27,5 cm, 200 páginas, R$ 64,00 em capa dura e R$ 49,90 em capa cartonada, à venda em livrarias e bancas especializadas.

Foi dada oportunidade a todos os funcionários dos estúdios Maurício de Sousa: roteiristas, desenhistas, arte-finalistas, ilustradores, coloristas, letristas, editores, designers, animadores e escultores. E os caras jogaram esse momento pela janela, elaborando HQs, cartuns e pin-ups insossas, descartáveis. A publicação é o maior exemplo de desleixo artístico do ano. Meu ponto de vista, claro. Mas confira e faça suas constatações.

Se os três volumes MSP por cento e cinquenta e artistas foram um sucesso, com releituras inteligentes, diferentes e instigantes, além de possuir cartuns e tirinhas bem elaboradas e pin-ups magníficas, Ouro da Casa foi o inverso. Na trilogia MSP, participaram cento e cinquenta artistas sem vínculo com os estúdios da Turma da Mônica. Até Marcatti, o genial quadrinista da escatologia, teve sua vez e aproveitou. Aliás, até Bob Cuspe do cartunista Angeli bateu o ponto.

A trilogia acima citada foi o pontapé inicial para que se desse oportunidade aos artistas "da casa" para que elaborassem, com liberdade criativa (obedecendo a certos limites, claro, como vedação à violência e à putaria) e assinando os respectivos trabalhos. Aliás, foi a primeira vez que artistas do MSP receberam crédito pelo seu trabalho que não no expediente da publicação (acho). Deveriam mostrar o "ouro da casa". No entanto, não mereceram nem bronze.

Entre os piores trabalhos, destaco os de: Alice Keico Takeda (esposa de Maurício de Sousa), por mais linda que a Rosinha de Chico Bento tenha ficado; Marina Sousa (filha do Chefe), que tentou homenagear o passado de jornalista policial do pai em apenas uma página, mas falhou feio; as fotografias sem graça dos bonequinhos de massa de Michel Leonardo Costa (as duas páginas com pior desperdício em todo o volume, destituídas de qualquer propósito). A história em homenagem à infância do Maurício, elaborada em massinha por Flávio Teixeira de Jesus é uma das piores do álbum, ao lado da que lhe segue, de Marcos Fernando Alves da Silva, onde o instigante personagem Astronauta é desperdiçado em quatro páginas.

Houve bons momentos. Mas nenhum excepcional. Dentre os bons, destaco duas histórias com Rolo, de Wagner Ramari e Mauro Souza. No conto de Luciana Luppe Silva e José Aparecido temos um dos melhores momentos, onde uma explicação freudiana é dada para a tara de Cebolinha pelo coelho Sansão. Ao menos o volume não é um lixo total. Quem é muito fã da Turma da Mônica, pode até comprar a edição pelo seu valor histórico etc. E por apego aos personagens. Mas, para os demais leitores, é desperdício de dinheiro. Comprei a versão capa dura, mas ao menos consegui desconto de capa e ainda utilizei um cupom. Assim, a decepção não foi maior.

O final do livro traz uma matéria sobre o processo de elaboração de HQs. Fiquei surpreso com o fato de que o letreiramento é feito à mão! As últimas onze páginas são utilizadas para fotografias e minibiografias do pessoal envolvido no projeto. Muitas páginas, hein? Ainda mais considerando que aquele pessoal jogou fora uma grande oportunidade de mostrar serviço.

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