segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Bidu - Caminhos



Li Bidu - Caminhos recentemente. Optei por comprar a versão capa dura, pois, com cupons e descontos, saiu por algo em torno de R$ 22,00, pouco mais em relação à versão brochura. O álbum, com roteiro e arte excessivamente digital de Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho, inicia o segundo ciclo de álbuns do selo Graphic MSP, e tem uma pegada emotiva muito similar a Laços, de Vitor e Lu Cafaggi.

Até o momento, os álbuns que mais gostei foram Astronauta - Magnetar e Chico Bento - Pavor Espaciar. Quanto ao primeiro, é que a abordagem de loucura e paranoia feita por Danilo Beyruth, aliada à sua arte genial, foi a visão mais madura já realizada com um personagem da Turma. E Pavor Espaciar teve meu personagem preferido do MSP como protagonista e, claro, é obra de quem, para mim, acabou se tornando um dos melhores quadrinistas do momento: Gustavo Duarte. Piteco – Ingá, de Shiko, também foi um grande álbum, ainda mais pelo emprego de uma arte espetacular e pela sacada histórica e geográfica com elementos do Estado da Paraíba. Mas histórias como Laços e Caminhos também são bacanas, embora meio “bobinhas”. Vale pelo apelo ao nosso insistente coração mole.

Na trama, Bidu é um cachorrinho solitário que vive dentro de um carro velho abandonado num terreno baldio; nela, ele conhece personagens como Duque, Bugu, Rúfius e seu grande amigo Franjinha. Os autores foram espertos em aproveitar vários aspectos da “mitologia” do personagem. Assim, por exemplo, Bidu faz uma saudação à uma pedra que lhe protege de um jato de água na rua; com isso, homenageia sua longa relação com a Dona Pedra. Bugu não é o chato que vive tentando invadir suas histórias; é o chato que quer se tornar senhor de seu carro abandonado. O primeiro contato de Franjinha com Bidu se dá, ao final da trama, graças a um caixote, e isso remete ligeiramente à primeira tira publicada no jornal na Folha da Tarde, no ano de 1959. Essa pesquisa de elementos intrínsecos às histórias das HQs do Maurício é uma característica do selo Graphic MSP. E tomara que continue assim, como forma de dar maior ressonância emocional durante a leitura.

Uma ideia legal aplicada pela dupla de autores, por sugestão do editor, é o uso da linguagem por ícones, entre os animais. As onomatopeias “vivas” também foram algo bem bolado; assim, o barulho da água nos parece molhado; um tapa e sua representação sonora “tabef!” chega a ter volume e intensidade.

Por fim, destaco as belíssimas cenas introspectivas, sem diálogo, onde o cachorrinho Bidu aprecia o mundo à sua volta de cima de seu carro-casa, mal sabendo que a qualquer momento toparia com um amigo para todo o sempre que é a existência de uma história em quadrinhos. E o “teaser” de divulgação - penso - ficaria bem melhor como capa. Na verdade, todos as ilustrações promocionais do selo ficaram bem melhores que as capas escolhidas para a publicação. Vai entender o porquê de não optar por elas.

Resumidamente: vale a pena comprar Bidu – Caminhos? Sim! Também vi vários scans gratuitos rodando por aí, acaso você não queira gastar com edições físicas.

Abraços e até a próxima.



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