sábado, 25 de fevereiro de 2017

A revolução dos bichos é aqui



“Democracia é a arte de, 
da jaula dos macacos, gerir o circo.” 
Henry Louis Mencken

A Revolução dos Bichos (Animal Farm) é um romance satírico e alegórico escrito por George Orwell e publicado em 1945. A edição que possuo há anos é da Biblioteca Folha, ano 2003, com tradução de Heitor Aquino Ferreira. Os fãs da nona arte devem saber que Bill Willingham escreveu todo um arco de Fábula quase em homenagem a este livro. Além disso, referências não faltam na cultura popular. É que se trata de uma pequena grande obra da Literatura ocidental. E penso que a história ali narrada nunca teve tanto a ver conosco, brasileiros, como nos últimos meses, onde máscaras caíram definitivamente, liberdades individuais foram tolhidas, ditaturas socialistas financiadas, tarifas elevadas, renda achatada e impostos e juros em franca ascensão. Eu gostaria de dizer: "Bem que avisei". Mas tanto faz, pois estou no mesmo barco furado.

No curto romance (quase uma novela), os animais da fazenda se unem e dão um pé na bunda do proprietário. O porcos são o grupo pensante do movimento. Regras são estabelecidas e todos os animais, ali, são iguais a partir da revolução. Com o tempo, a situação muda. Os porcos instalam-se na casa grande e encontram várias desculpas para isso; e a alimentação deles também torna-se diferenciada. Os mandamentos que foram pintados ostensivamente, após o golpe, são alterados gradativamente. Assim, por exemplo, era proibido a um animal dormir em camas. Quando porcos são vistos pernoitando nos antigos cômodos do casarão e outros bichos começam a se queixar, o regulamento já está adulterado: "Nenhum animal dormirá em camas com lençóis". Isso também vale para quando começam as execuções de quem se opõe aos desmandos dos porcos. Um mandamento asseverava que "Nenhum animal matará outro animal"; após os paredões, acrescentam: "sem motivo". O principal mandamento é que "Todos os animais são iguais"; mas, próximo ao final da novela, só consta ele, com a ressalva de "mais alguns são mais iguais que os outros". Não demora para que os porcos tenham um séquito fiel dentre os animais menos espertos. As ovelhas, por exemplo, limitam-se a repetir a ladainha disseminada pelos porcos. No final da história, os porcos já são bípedes, andam bem vestidos, comem à mesa (onde consomem álcool, o que também era vedado nos "mandamentos") e regozijam-se com os grandes fazendeiros locais (humanos), comemorando os lucros da estação com colheita, venda de leite e animais para corte. O último parágrafo é este:
Doze vozes gritavam, cheias de ódio, e eram todas iguais. Não havia dúvida, agora, quanto ao que sucedera à fisionomia dos porcos. As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco.
É mesmo um ótimo livro. E curtinho. Você lê numa tarde. Recomendo bastante. É o que tinha a dizer. Abraços a todos.



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