terça-feira, 23 de abril de 2024

Gossip Old Man - O Coroa do Blog

Não acesso muito Instagram e o deixo totalmente no silencioso. Aliás, tudo em meu telefone é no silencioso há anos e anos. Mas no caso do Instagram não recebo nem notificação. Então o vejo esporadicamente, quase uma vez por dia. Foi curioso que, ali, cheguei a receber mensagens de pessoas desconhecidas, adicionadas porque me adicionaram. Quando passei mais tempo sem postar nada, fui perguntado por esses estranhos se abandonaria o blogue etc. "Meu Deus, quem são essas pessoas que nunca comentaram no site?". Internet ainda me é algo curioso. E essas interações me fizeram pensar a respeito de algumas coisas.

Foi bom ter nascido numa época analógica, com limitações no acesso à informação e, hoje, na maturidade, ter acesso à internet em alta velocidade. É que, assim, cresci numa infância saudável, sem bitolação de redes sociais, com bastante tempo livre para estar nas ruas brincando; e, na adolescência, jogando conversa fora com os amigos. As diversões eletrônicas, aliás, eram caras e limitadas. Então só restava bestar, fica à toa, esperar algum filme exibido "pela primeira vez na televisão" na Tela Quente, lendo gibis e livros diversos escolhidos sem critério algum: o que caía às mãos. E, na maturidade, tivemos acesso à estrada do futuro. Pude criar, assim, uma história com a internet, desde os primeiros acessos em modem de 56 kbps até o advento da banda larga.

Minha história com a internet e como a utilizei para interação pode ser conferida na apresentação do blogue. Ali, percebemos como tão rapidamente plataformas surgiram e sumiram, quase do dia para a noite. E creio que um dia será vez do Blogger. Algum dia, seremos apenas avisados que dentro de um mês esta tecnologia encerrará. Isso me faz pensar que os estranhos que me perguntam sobre este espaço estão querendo apenas saber se eu não cansei desta merda e que a internet seria mais limpa sem o empreendimento Neófito Publicações Recreativas Corporation - ou apenas "N.P.R.C.".

Ainda acho espantoso que um site pessoal vingue em tempos de consumo de informação por vídeos, em lugares como YouTube, TikTok e Instagram. Algumas pessoas teimam em ler blogues e, aqui, consigo uma média de cinco mil acessos ao mês, às vezes um pouco mais; noutras, menos. Na era de ouro deste chiqueiro, a média era de 2000 views ao dia. Consegui até mesmo ser monetizado pelo próprio Google AdSense, o que achei estranho, pois havia me rejeitado antes e depois de muito tempo me enviou e-mail para habilitar. Ainda tentei monetizar tanto pelo próprio Google quanto por outro serviço. Mas as propagandas poluíam tudo a tal ponto de me dar agonia. Como blogues pagam uma merreca, resolvi excluir os anúncios definitivamente.

Naturalmente, tentei ir para o YouTube, fazendo backup no Rumble. Mesmo esta empresa tendo vazado daqui devido à censura, os vídeos continuavam sendo upados lá, podendo ser acessados por aplicativos de celular (não entendo o porquê); ou, se via Windows, com VPN. Mas esta semana solicitei o encerramento da conta e, logo, de todos os vídeos ali guardados. Me pediram 30 dias para efetivar a solicitação. Fiz isso por não desejar guardar meu conteúdo. Se algum dia o YouTube me banir, tanto faz. Que desapareçam com tudo ali postado. E tomei a mesma resolução com este blogue. Procurarei mantê-lo vivo, mas não farei mais backup de nada. Salvei apenas resenhas de livros por me servirem como fichários. O resto não importa. Se tudo acabar enquanto eu estiver vivo, que seja.

Abraços blogueiros e até a próxima.

Dados colhidos ontem. 👆


quinta-feira, 18 de abril de 2024

Encaixotando Helena [ Filme de 1993 ]

Quantos aplausos esse bibelô merece? 👏

Jennifer Lynch manteve um grande vínculo com o trabalho de seu pai, David Lynch. Tanto que se notabilizou pelo livro O Diário Secreto de Laura Palmer, pegando carona no belíssimo seriado Twin Peaks criado por David em parceria com Mark Frost. Sobre o romance epistolar, recomendo meu vídeo abaixo. Realmente, o trabalho dela serve de complemento à compreensão do universo obscuro daquela pequena cidade encravada no Estado de Washington, entre muito pó, surubas e espíritos zombeteiros.

Como cineasta, ela arriscou algumas bobagens. A mais conhecida, sem dúvidas, foi Encaixotando Helena, filme ruim que é a cara do início dos anos '90, em sua busca pela nova estética que destoasse da década passada. É um filme ruim, mas bom. É aquele tipo de porcaria que vale a pena para ver o tempo passar à frente da TV, sem muito compromisso. E, ali, percebemos como Jennifer Lynch é realmente apegada ao genitor. Visivelmente, tentou chupinhar tudo o que podia do jeito paterno de escrever e dirigir, fracassando miseravelmente. Ninguém copia David Lynch, nem sua pimpolha.

Quem ama e cuida, bota num potinho. 💗

Recordo que Encaixotando Helena teve relativo sucesso nas locadoras de VHS. A capa era bonita, aliás. Atraía a clientela. E a ideia de um médico tarado amputando aos poucos sua preciosa vadia, claro, mexia com as cabecinhas da época.

Na trama, conhecemos o talentoso médico Nick Cavanaugh, cuja mãe era a gostosa chifreira mais requisitada da cidade. Meio que num complexo de Édipo, Nick tenta afagar seus desejos sinistros afogando o ganso em Helena, a putiane descolada da região. Nick queria ser um corno feliz, como seu pai também fora, casando com uma empoderada boa de rabo. Então aproveita o atropelamento de Helena para lhe amputar as duas belas pernocas. Mais à frente, também os braços. Sobra apenas o mais lindo peso de papel do cinema: Helena, mal interpretada por Sherilyn Fenn no auge da beleza. Aliás, tudo ali é fruto de más interpretações. O único que se saiu bem foi o músico Art Garfunkel. E acho, ainda, que a presença de Sherilyn Fenn no elenco também se deve a David Lynch, já que ela foi uma das estrelas de Twin PeaksSherilyn Fenn, jovem, nos despertava os instintos mais primitivos.

Encaixotando Helena é um grande exemplo do que resulta quando se tenta copiar o estilo de alguém, mesmo que de alguém da própria família. Mas diverte! E revi esta pérola recentemente graças às entidades benevolentes que insistem em upar filmes no YouTube, na íntegra e com ótima resolução.

Se o filme é ruim, o final certamente coroa a obra com uma das piores opções. Fechou com chave de bosta essa grande merda. Foi a cereja podre no bolo estragado. Ao menos a trilha sonora por Bill Conti é legal, bem como a escolha de músicas aleatórias como Woman in Chains de Tears for Fears ou Nessun Dorma de Puccini. Muita gente encara a obra pela ótica do relacionamento abusivo etc. Sei lá. Só sei que é um ruim/bom legal sobre um médico pervertido que gosta de brincar com facas e tesourinhas.

Abraços desmembrados e até a próxima.